Gilberto Natalini SP

A química é uma ciência exata e que não se enquadra nessa dupla.

O jogo aqui está mais para as artes cênicas da geopolítica global.

O Brasil sempre se deu bem com os EUA, há 201 anos. Na grande maioria das vezes nosso país se submeteu aos caprichos e ditames dos “yankees”, sempre mais poderosos política, econômica e militarmente.

Algumas vezes somos mais “quintal” e outras vezes, menos.

O governo Lula, se alinhou a um grupo de países que buscou caminhar à margem dos americanos, competindo com eles.

Enquanto pleiteia ser do Conselho de Segurança da ONU e ingressar no G20, o Brasil de Lula participa junto com a China, a Rússia, a Turquia, a África do Sul e mais alguns países do chamado grupo dos BRICS.

Quase todos são autocracias ditas de “direita” e de “esquerda”, que cerceiam as liberdades democráticas de seus povos.

O Brasil se alinha ao Irã, à Venezuela, à El Salvador à Cuba, à maioria dos ditadores da África e do Oriente Médio e vive às turras com as democracias liberais da Europa.

Com a ascensão de Trump ao governo dos EUA, as coisas se complicaram.

Trump foi eleito pregando o retorno da hegemonia dos americanos na política global e do “esplendor” interno de seu país.

Tem uma visão nacional-chauvinista nesse mundo globalizado.

Tem posições muito conservadoras nos costumes, embora não seja um exemplo de boa conduta moral.

É um bilionário que mantém sua fortuna com práticas pouco recomendáveis, e prega abertamente o preconceito contra minorias sociais.

Porém, Trump é um jogador político. Sua tática principal é o blefe.

Assim, ele ameaça ao extremo e depois chama para conversar, a sua vítima já fragilizada por seus ataques, no campo político, econômico e mesmo militar.

Foi isso que ele tentou fazer com o Brasil.

Ameaçou, taxou, difamou, esculhambou nosso país e o governo, para tentar quebrar as alianças do Lula com os competidores dos EUA.

Fechou as portas e de repente abriu uma janela enorme, atraindo o ressabiado Lula para um “papo cabeça”, e uma boa “química”.

Há pouco tempo atrás o governo Lula estava nas cordas, com popularidade em baixa.

A chamada polarização Lula x Bolsonaro, ia se esvaziando com as repetidas maluquices dos bolsonaristas, que foram colocando essa família num quadrado cercado de ridículo.

Mesmo assim, Lula estava se esvaindo num governo com juros de 15% ao ano, cerca de 50 milhões de brasileiros se debatendo na informalidade e 70% na inadimplência, além é claro da criminalidade e violência crescentes, regidas pela batuta do PCC.

Foi aí que Trump entrou em cena com sua taxação absurda e esdruxula, sua agressão verbal com o Brasil, seu ataque contra o governo Lula.

Foi como um sopro de alento ao petista, que se agarrou com as duas mãos ao discurso da soberania e do orgulho nacional.

O circo teatro de Trump injetou apoio interno ao governo Lula, que se levantou das cordas e melhorou nas pesquisas, sem diminuir juros ou melhorar um milímetro na economia, ou na vida do povo.

Agora Trump abraça Lula e os dois vão pra galera. Parece até coisa combinada.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista