Gilberto Natalini SP

O mundo atual passa por conturbações que têm afetado diretamente a vida de cada um de nós e do conjunto da humanidade.

A ofensiva concentração de renda produz pobreza, fome, violência e criminalidade em todos os cantos. E o modelo econômico vigente produz mais e mais riquezas, cada vez nas mãos de poucos.

A exploração dos recursos naturais desenfreada, descontrolada e predatória, está esgotando a capacidade do Planeta de se recompor. O “quero mais, mais e mais….” do consumo predatório esgota a Mãe Natureza, e devolve para ela todo o resto do nosso consumo, poluente e mau cheiroso.

A internet, as redes sociais, a inteligência artificial, as conquistas científicas e tecnológicas libertaram deuses e demônios que habitam dentro de cada ser humano, de forma rápida e abrangente, trazendo novos paradigmas de beleza, de agressividade, de empatia e de ódio. Hoje é mais fácil e mais universal os humanos mostrarem suas caras mais secretas.

As mudanças climáticas, causadas pela produção de energia da queima dos combustíveis fósseis, se transformaram já em catástrofes climáticas, com chuvas violentíssimas, secas e estiagens prolongadas, vendavais, queimadas, ondas de calor insuportáveis, que atingem as pessoas e a produção econômica.

O aumento da pobreza e a hostilidade do clima resulta na onda de imigração que temos vivenciado nos tempos atuais.

A soma de todos esses fatores narrados acima tem causado a insegurança e a desesperança que a humanidade enfrenta hoje. É o grande stress da espécie humana.

Os regimes políticos tradicionais que conhecemos não têm tido capacidade de enfrentar e resolver essa situação.

O socialismo do século passado soçobrou com a queda do Muro de Berlim, e o que restou dele, como a China, se transformou numa grande ditadura capitalista de Estado. A Coréia do Norte e Cuba são espectros farsantes do socialismo.

As democracias ditas liberais, na Europa e América já não respondem aos desafios dos dias de hoje. Seus modelos são superados pela realidade, e elas tem causado muitas frustrações aos seus povos.

É aí que surgem as propostas e os líderes populistas e autoritários com discursos pela “direita” e pela “esquerda”, de viés demagógico e mentiroso, mas que tocam nos medos e aflições de povos inteiros.

Uns apelam ao nacionalismo tacanho e impossível nesse mundo globalizado.

Outros apegam-se a teses “moralistas” e “religiosas”, que também não se sustentam, pelos avanços sociais e científicos que o mundo tem vivido.

Ainda há os que negam a realidade climática, amaldiçoam os imigrantes e estimulam o racismo e o sexismo.

Mas a grande maioria desses “líderes” que surgem, trazem junto de suas pregações demagógicas, uma grande dose de autoritarismo, e quando chegam ao poder, as vezes pelo voto popular, transformam-se em autocratas e ditadores, que investem contra a liberdade e a Democracia. São construtores de guerras e destruidores de vidas.

É assim o Putin, o Xi, o Jong, o Orban, os Aiatolás, o Maduro, o Milei, o Ortega e outros vários da África, Ásia e América Latina.

O Trump é desse time.

Sua vitória nos E.U.A. foi com um discurso afinado nas teses da demagogia autoritária, e ganhou os votos dos americanos com xenofobia e protecionismo.

Um fanfarrão demagogo, que não vai cumprir quase nada do que prometeu.

Mas, que por suas posições negacionistas e autoritárias pode trazer insegurança, instabilidade e retrocesso ao já frágil equilíbrio mundial.

Os tempos são difíceis, e não temos a chave da porta da felicidade.

Cumpri-nos perseverar, acreditando e fazendo da liberdade e do humanismo nessa causa de vida.

 

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista