É bem difícil para uma pessoa comum entender o que Trump quer fazer com suas atitudes políticas e econômicas.
Acho que para os entendidos, estudiosos e ativistas políticos, também é uma situação confusa as decisões e contra decisões do presidente dos EUA.
Sabemos que ele ganhou os votos dos americanos e a eleição com a frase “America first” que engloba todo um conceito nacionalista, isolacionista e autocrático, de retomar o esplendor dos Estados Unidos.
Esse país, que domina a geopolítica e a economia do mundo, pelo bem e pelo mal, desde o fim da 2ª guerra mundial, sofreu as erosões estruturais do processo de globalização e foi perdendo o glamour, poder e mercado no decorrer dos últimos tempos.
Os americanos são super consumidores, com um consumo exagerado e perdulário, e vão sentindo sua economia se contrair.
É aí que o discurso Trump, de voltar-se para dentro, pega em grande parte do povo americano.
Trump é um líder conservador extremista. Um desconstruidor da democracia liberal, um líder autocrático.
Seu alinhamento mundial é com esse tipo de gente.
Mas, com suas decisões econômicas, extremamente protecionistas, com taxações astronômicas, Trump quebrou a cara e se ajoelhou para a realidade da economia globalizada.
O mundo se revoltou contra ele e os EUA viveu um isolamento imenso, de todas as partes e governos.
A reação foi proporcional às maluquices de Trump.
Ele foi e voltou várias vezes, esbravejou e gemeu muitas vezes, e todos viram que o tigre era de fato de papel.
Trump representa o lado autocrático do mundo, que hoje não está mais dividido entre direita e esquerda, mas entre democracia e autocracia. E a autocracia vem ganhando terreno, uma vez que as democracias liberais não dão resposta aos graves problemas da concentração de renda, da imensa desigualdade social, da fome e da miséria, da degradação desenfreada do Planeta, das mudanças climáticas, da deterioração dos costumes e dos ritos sociais, da violência e da criminalidade crescente, da imigração desenfreada. Mas as autocracias também não!
A eleição de Trump é fruto da soma disso tudo.
Mas sua saga já encontrou barreiras. O mundo inteiro reagiu às suas ideias alopradas.
Ele topou de frente com a China, que quadriplicou a aposta e fez o tigre louco miar como um gatinho.
Internamente a resistência vai crescendo. Há poucos dias 1000 cidades americanas fizeram protestos robustos contra ele.
Dentro do seu governo, seus conselheiros bilionários brigam entre si.
Não podemos prever o que será feito do mandato de Trump. Mas avistamos muitas turbulências políticas e econômicas, que poderão inviabilizar o seu governo.
Cabe às pessoas de bom senso, defender sempre a colaboração internacional, a democracia e a liberdade, o livre comércio, as medidas humanitárias, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Me incluo entre eles!
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista