A grave crise humanitária que atinge o povo Yanomami é a ponta do iceberg, do grande drama humano que vive o Brasil. Nosso país, que está entre as 12 maiores economias do mundo, possui cerca de 10 milhões de desempregados, 50 milhões de informais, 70 milhões de inadimplentes e 30 milhões em situação de grave insegurança alimentar. Os números falam por si.
Dentro do quadro socioeconômico dramático do país, surge uma polarização nefasta, que não é exclusiva no Brasil, mas que aqui tomou rumos temerários de ameaça à própria democracia.
De um lado surgiu uma extrema direita, que se apresentou agressiva, violenta, golpista e mentirosa.
Na outra ponta situa-se a chamada esquerda brasileira que cometeu erros políticos e morais graves no seu passado recente, mas que se apegam na defesa da democracia e de suas instituições.
A dita extrema direita que se organiza em torno da figura do Bolsonaro, vem atacando o Estado Democrático de Direito repetidamente.
Seja negando o processo eleitoral e desqualificando as eleições, seja pregando o uso da força e das armas contra as instituições da república, seja atacando e vandalizando as sedes dos poderes republicanos, seja se unindo em movimentos de bloqueios e sabotagens pelo Brasil afora.
A última invertida deles foi o apoio a Rogério Marinho, derrotado para a presidência do Senado.
Por outro lado, largos setores das forças democráticas se uniram no país, contra esse movimento extremista da direita.
Pessoas, partidos, instituições e grande parte do povo brasileiro se posicionaram entorno da defesa da democracia e suas instituições.
Numa ampla frente de ação que envolve desde a esquerda, passando pelo centro democrático até a direita não extremista, o Brasil se une, em sua imensa maioria defendendo sua jovem e sofrida Democracia.
Podemos afirmar que o Brasil só terá seu caminho se essa articulação se mantiver, buscando inclusive pacificar a sociedade, isolando os golpistas e terroristas, que são poucos, e tocando uma agenda política de recondução do país ao caminho da paz, da justiça social, da moralidade pública e do desenvolvimento econômico sustentável.
Assim teremos nosso Brasil de volta.
Nós merecemos! O Brasil merece!
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista