A humanidade envelheceu. As pessoas estão vivendo mais no mundo todo, e particularmente, no Brasil.
As taxas de natalidade vêm diminuindo gradativamente desde 1970 e o envelhecimento populacional tem sido ainda mais rápido, mudando o perfil etário da sociedade. Calcula-se que o país tenha hoje 37,7 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
De acordo com estimativas elaboradas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de idosos deverá aumentar ainda mais. Por volta de 2050, haverá, no Brasil, 73 idosos para cada 100 crianças. O estudo divulgou ainda que no ano de 2050 a população brasileira será de aproximadamente 215 milhões de habitantes.
Sendo assim, se faz necessário preparar as condições físicas, sociais e emocionais para receber de forma organizada e humanizada, essa massa de idosos que não para de crescer. Essa não é uma tarefa fácil, mas é extremamente necessária.
Construir as condições para um Envelhecimento Ativo e Saudável é a tarefa que temos pela frente. No final dos anos 90, esse conceito foi desenvolvido na OMS (Organização Mundial de Saúde) pelo médico brasileiro, Alexandre Kalache, e consagrado pela instituição.
Combater o Idadismo, prover condições de vida digna aos idosos, incentivar a prática de atividade física, combater a violência e a solidão na velhice, além de acolher e incluir os 60+ no cotidiano diário é o desafio que nos colocam.
Numa luta para impedir que a OMS incluísse no CID-11 (Código Internacional de Doenças) a Velhice como doença, na qual fomos vitoriosos, constituiu-se o Coletivo Velhices Cidadãs, que reúne centenas de pessoas e instituições ligadas às causas do envelhecimento.
O Velhices Cidadãs produziu dois documentos, que estão sendo amplamente divulgados. Um manifesto ao povo, expondo a questão para a sociedade brasileira, e lembrando que os jovens e adultos serão os velhos de amanhã. E uma Carta aos pré-candidatos ao Executivo e Legislativo, nessa eleição de 2022, que contém a pauta necessária para construir um Brasil inclusivo, generoso e justo, às pessoas 60+.
Nosso movimento tem muito de solidariedade, de acolhimento, de justiça social, mas também defende o protagonismo dos idosos, nesses tempos em que o envelhecimento populacional é um caminho sem volta.
O importante é viver mais, mas com autonomia e qualidade de vida.
Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista
Membro do “Velhices Cidadãs”