VIOLÊNCIA: O BRASIL MOSTRA A SUA CARA!

Apesar da lenda de pacifismo, o Brasil sempre foi um país violento, desde o descobrimento.

O extermínio cruel dos povos indígenas, a barbárie da escravidão, a truculência das reações aos movimentos populares e repressão das duas ditaduras do século passado (Getúlio e militares) são fatos concretos da violência institucional no Brasil.

Mas, também convivemos com um estado crônico de violência individual nas casas e nas ruas, com os crimes praticados pelo racismo estrutural, os crimes contra as mulheres, os idosos e as crianças, as brigas de trânsito, das torcidas organizadas, a intolerância religiosa e outras barbaridades cometidas por brasileiros contra brasileiros.

Esse clima de insegurança, de agressões, de ações criminosas, de violência estrutural, acompanha a vida de nosso povo desde o início.

Portanto, os fatos históricos desmentem a fábula da “cordialidade dos brasileiros”, na medida que os crimes e as agressões, acontecem cotidianamente entre nós.

Mas, de alguns anos para cá, esse culto à violência tornou-se mais visível e organizado, transformando-se em uma corrente de comportamentos, que apregoa e pratica esse comportamento abertamente, no dia a dia, através das mídias sociais por declarações de autoridades, de lideranças comunitárias e religiosas, por “influencers”, por ídolos esportivos e artistas.

Verdadeiras falanges organizadas se multiplicam pregando as agressões, a intolerância e o preconceito como um modo de vida.

Isso se caracteriza pelas ofensas sociais, religiosas e ideológicas, com ataques verbais e físicos, com o uso disseminado de armas, com o incremento da truculência policial.

Quanto mais aumenta a desigualdade social (que já é enorme), mais multiplicam-se os atos de ataques interpessoais e coletivos.

As barbaridades praticadas por quadrilhas do crime organizado em todo o país tomou um caráter de guerra urbana.

E por último, estamos vendo repetir-se os ataques às escolas, praticados pelos próprios jovens estudantes.

Meu diagnóstico é que somos uma comunidade bastante doente, do ponto de vista das relações humanas. Além é obvio das doenças físicas que flagelam o Brasil.

Diante desse quadro dramático que vivemos, muitos clamam pela ação policial em si.

É claro que diante da gravidade dos crimes cometidos, precisamos das ações de polícia, que tem que ser valorizada, modernizada e saneada com urgência.

Porém, só a polícia não fará o tratamento das causas de nossas mazelas.

A diminuição efetiva das desigualdades sociais e a melhoria da qualidade de vida, o combate republicano à corrupção, às fake news e às ideias de cunho nazifascistas, terroristas e violentas, o exercício da cultura de paz, o desarmamento físico e mental da sociedade, o combate efetivo ao crime organizado, ao tráfico de drogas e armas, o estímulo à vida comunitária, à espiritualidade e à solidariedade são práticas que ajudam a combater e diminuir a violência na sociedade.

É uma tarefa hercúlea, que deve ser feita pelo governo e por todas as instituições do país.

Esse movimento precisa ganhar as ruas e os corações!

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

 

About natalini