O DRAMA DAS RUAS

Caminhar pelas ruas de São Paulo é um hábito que tenho há décadas e que continuo tendo. Mas, tem ficado cada vez mais sofrido cumprir esse costume.

Por dois motivos principais:

Primeiro, a questão crescente da insegurança das ruas, pelo aumento do número de crimes praticados nelas.

O segundo, que quero avaliar aqui, é o aumento do número de pessoas que estão em situação de rua.

O que temos visto, nas vias de São Paulo é o retrato fiel de uma crise social e humanitária, que provoca as pessoas que se preocupam com seus semelhantes.

Em 2010, a cidade de São Paulo tinha 11 mil moradores de rua, hoje possui mais de 70 mil pessoas nessa condição. Os motivos dessa tragédia social são muitos.

A crise econômica é o principal deles. Mas, a degradação familiar, o uso de álcool e drogas, a falta de perspectiva de vida, o desalento, a presença de doenças mentais, a falta de políticas públicas eficazes, a segregação social, o preconceito, a profunda desigualdade social, são também, causas e efeitos do aumento da população de rua.

Alguns dizem que este é um fenômeno mundial. Isso é verdade. Mas, basta uma caminhada a pé pelo centro ou por alguns bairros da cidade para constatar que estamos vivendo uma catástrofe humanitária, que nos remete a um grande acampamento da guerra social nas ruas de São Paulo.

Não se pode dizer que o poder público não está fazendo nada. Várias iniciativas governamentais, vem sendo tentadas no decorrer dos anos. Mas todas têm se mostrado insuficientes diante da demanda e da complexidade do problema.

O abuso de álcool e de drogas está presente em 70% dos casos. Assim como casos de doenças mentais.

O exemplo mais falado disso é a Cracolândia. Esse é um enorme problema social, sanitário e policial no coração de São Paulo. Todas as iniciativas tomadas foram insuficientes e a ferida continua aberta e sangrando.

Sempre me fiz essa pergunta: por que os órgãos policiais não conseguem asfixiar o tráfico de drogas para a Cracolândia, que se situa em alguns quarteirões do Centro?

Sabemos do enorme esforço feito pela sociedade civil para ajudar as pessoas em situação de rua. Igrejas, empresas, entidades civis, munícipes, se mobilizam todos os dias para alimentar, agasalhar, tratar, amparar essas pessoas.

O poder público, como eu já disse antes, também desenvolve os seus programas, mas infelizmente todo esse esforço tem sido insuficiente.

Cada dígito que cai na economia são mais milhares de pessoas que vão viver em ruas de São Paulo.

É um desafio enorme vencer esse flagelo humanitário.

Por enquanto estamos perdendo.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

POR UMA SÃO PAULO MAIS SUSTENTÁVEL!

É inegável que nos últimos 30 anos, muitos paulistanos caíram na real, e se convenceram que a forma insustentável com que São Paulo se desenvolveu traz grande desconforto e má qualidade de vida para os que moram aqui, muito mais para os mais pobres, mas também para os mais ricos.

Em 2017 lancei um livro em parceria com Marcelo Morgado, grande figura humana e técnica, com o título ”Por uma São Paulo mais Sustentável”, que compilou nossos estudos teóricos e nossa atuação prática sobre os problemas políticos, econômicos, sociais e ambientais de nossa metrópole.

O livro tem 432 páginas de puro conteúdo, de amplo diagnóstico, de verdades constatáveis e ousadas, e de propostas compiladas num cardápio factível e utópico.

Nossas ações na cidade datam de 50 anos. Elas estão resumidas, também, no livro “Lutas Sem Fim” de Luis Mir.

Essas ações, que são milhares, se compõe desde a mobilização e organização das comunidades em todos os cantos da cidade para melhorar suas condições de vida, passando pelo estudo científico e empírico trabalho de pesquisa, propostas acadêmicas, propostas de políticas públicas, legislação aprovada, entre outros.

Muitas de nossas proposições valeram e pegaram, agindo de forma positiva na vida de São Paulo.

Como exemplos: a adoção da água de reuso para lavar ruas, a lei das doenças raras, a lei da psoríase, a Conferência P+L e Mudanças Climáticas, o trabalho com os idosos, entre outras muitas iniciativas.

Mas, sabemos, que a insustentabilidade da cidade de São Paulo é imensa e histórica.

Somente uma mobilização de TODAS as forças políticas e sociais poderá mudar significativa e paulatinamente essa realidade.

O livro resume e aponta os caminhos: a permeabilidade do solo, o aumento da cobertura verde, o destino correto dos resíduos sólidos (lixo), a utilização das energias limpas (fotovoltaica), a eletrificação da frota urbana, o incremento das políticas públicas e privadas para diminuir a desigualdade social, a miséria, a dependência de drogas, são alguns dos muitos tópicos abordados no livro.

Não sou um cientista. Sou ativista político e social, mas, procuro embasar minhas lutas e minhas bandeiras e conhecimento nos variados aspectos do saber. Foi isso que buscamos fazer, eu e o Marcelo na edição desse livro, que continua perfeitamente atual!

Tenho tido sempre, como bandeiras gerais para o Brasil:

– Democracia sempre;

– Desenvolvimento econômico com proteção ao meio ambiente;

– Equidade e justiça social com qualidade de vida;

– Moralidade pública;

Transportando essas bandeiras para a polis, defendo:

– Democracia com participação popular;

– Cidade sustentável e humanizada;

– Políticas públicas eficientes de Meio Ambiente, Saúde, Educação, Habitação e Transportes.

– Cuidados com o Urbanismo e a Zeladoria Urbana.

Dessa maneira, mesmo tendo optado por deixar a atividade parlamentar, sigo lutando e defendendo as bandeiras que acredito, sempre, e para sempre.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Artigo Publicado na Orbis News- Jornalista Fausto Camunha