Calçadas de São Paulo: milhões de paulistanos andam diariamente por elas

São Paulo tem 31 mil quilômetros de calçadas. Boa parte delas são estreitas, tortuosas, esburacadas, inacessíveis e impermeáveis. Cerca de 100 mil pessoas caem e se machucam por ano nas calçadas da cidade. Isso é gravíssimo.

Em 2004, com ajuda do arquiteto José Renato Melhem, o nosso gabinete realizou um grande Seminário que chamamos de Programa Passeio Livre. Nesse produtivo encontro, que contou com a presença de importantes urbanistas, nós definimos um programa de intervenção nas calçadas, para torná-las permeáveis e acessíveis.

Fizemos uma campanha, produzimos uma cartilha e mandamos todas as propostas ao Poder Executivo da época.

Em 2005, com a posse do novo Prefeito, fizemos outro grande Seminário sobre o Passeio Livre, desta vez no Anhembi, com cerca de 1000 pessoas, onde amarramos a implementação do Programa.

O Prefeito da época destinou verba específica, e a Prefeitura nos anos seguintes recuperou 1.100 km de calçadas na cidade, implantando a proposta que propusemos em 2004. Foi um avanço.

Em 2013, o Programa Passeio Livre foi suspenso pelo Prefeito que assumiu. Agora, há pouco mais de 1 ano, a atual gestão retomou a reforma das calçadas na cidade. Isso é positivo! Porém, observamos alguns desvios de rumo, que têm que ser criticados.

Em primeiro lugar a péssima escolha de muitas das calçadas a serem reformadas. Assim, em boa parte desses locais, os passeios estavam em bom estado, alguns recém reformados. Quebraram calçadas em bom estado, como exemplo posso citar a Rua Borges Lagoa, Rua Serra de Bragança, a Av. Cangaíba, entre tantas outras.

Além, desse erro grave, a atual reforma das calçadas conta com acessibilidade, mas a permeabilidade está sendo deixada de lado.

Estão colocando cimento puro, tornando as calçadas totalmente impermeáveis, o que trará sérias consequências nas enchentes da cidade.

Dessa forma, fico feliz que a nossa proposta do Programa Passeio Livre seja retomada, mas da forma como está sendo feita, está tornando a cidade ainda mais impermeável, portando mais insustentável.

Gilberto Natalini- Médico, Ambientalista e Vereador