Gilberto Natalini SP

AS ÁRVORES: mais que os cães, melhor amiga dos homens

Muito se diz que “os cães são os melhores amigos dos homens”. Nos dias de hoje isso ganhou uma proporção gigantesca, diante da solidão e do individualismo que invadiu nossas vidas. Os “pets” ganharam um protagonismo na existência dos humanos. Um enorme número de pessoas possuem “pets”, que são como parte da família, e esses seres ganharam um protagonismo peculiar na vida e no afeto das pessoas. Parece que a tendência disso é aumentar. Mas o mundo gira e a realidade se transforma. Os impactos dos fenômenos ambientais e climáticos sobre a humanidade são cada vez maiores e ameaçadores, haja vista a relação de espoliação predatória que temos com a mãe natureza, por tudo que destruímos e tiramos dela em termos de recursos naturais, e os resíduos e venenos que devolvemos, resultantes do nosso consumo, sob forma de lixo e gases de efeito estufa. Os fenômenos ambientais e climáticos resultantes da nossa relação doentia com o planeta avançam numa velocidade bem maior do que a capacidade de resiliência. Vemos isso todo dia. É aí que surgem esses seres majestosos, que existem por aqui muito antes de nós, e que foram vítimas durante milênios do nosso desprezo, de nossa destruição e exploração desenfreada. As árvores! Sim, nossas velhas conhecidas, as árvores! Depois de devastar trilhões desses majestosos seres, nós vamos caindo na real, que diante da ameaça concreta para a própria existência humana, a árvore vai se revelando o modo mais fácil, mais barato, mais tangível, mais necessário, para nos proteger dos fenômenos climáticos extremos. O Professor José Goldemberg disse que “as árvores são as melhores amigas dos humanos” nas circunstâncias atuais. A árvore certa, no lugar certo na hora certa! Esse é o meu lema e convido a ser o de todos. Uma árvore grande evapora 400 litros de vapor de água por dia (tão necessários para nossos pulmões); seu entorno absorve a água das chuvas torrenciais, infiltrando o lençol freático; sob sua sombra, a temperatura pode ser até 4ºC menos que o ambiente; as árvores abrigam pássaros e pequenos mamíferos, além de insetos, todos importantes na cadeia da biodiversidade; e as árvores dão vida à paisagens, com suas copas e suas flores, além é claro, das frutas. Assim, podemos reafirmar que plantar árvores, ainda é a forma mais fácil, mais barata, mais inteligente de diminuir a depredação da vida no Planeta. Plantemos!!! Plantemos muito!!! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

GUERRA: Um Ato Boçal

Alguém publicou que temos hoje 52 focos de conflitos armados no mundo. Guerras maiores ou menores pelo planeta afora. Se não for tanto deve chegar perto. A maioria das pessoas acompanha os mais noticiados e de maior impacto militar e econômico. Aquelas em países periféricos e localizados, mal saem nas notícias, embora existam e sejam cruéis. Assim vemos os órgãos de imprensa tomados pelas guerras na Rússia/Ucrânia, Israel/Gaza e agora Israel/Irã. As hostilidades do Azerbaijão contra a Armênia, do Paquistão/Índia e outros tantos na África já foram para a 2ª página. O fato concreto é que num mundo tomado por uma desigualdade social obscena, pela acumulação avassaladora de riquezas, pela insegurança alimentar (fome) e hídrica (secas prolongadas), pela ameaça da degradação ambiental e pelas mudanças climáticas, a resposta humana escapa para as guerras. Os conflitos bélicos são companheiros de viagem da história humana. Mas convenhamos!!! Em tempos de produção exuberante de riquezas, de avanços científicos e tecnológicos disruptivos, de globalização do saber, da economia e da política, falar e fazer guerra é a manifestação mais pura da insanidade humana. A guerra é um ato de loucura e burrice de poucos, que leva muitos ao desespero, à crueldade, ao sofrimento e à morte. Nada, mas nada mesmo, dentro de um raciocínio minimamente lógico e humanístico pode justificar as campanhas bélicas. A guerra, junto com a tortura e o terrorismo é um ato ignóbil que transporta o ser humano à sua condição mais torpe. A crueldade da Rússia contra a Ucrânia, o terrorismo do Hamas, o massacre de Israel em Gaza, as hostilidades do Paquistão e Índia, o conflito Israel/Irã, a covardia no Iêmen são exemplos da boçalidade das guerras, diante dos infinitos desafios que a humanidade tem pela sua sobrevivência e bem-estar. A indústria da guerra surfa nessa tragédia e enche seus bolsos com o dinheiro molhado do sangue das vítimas de suas armas. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

O GOLPE QUE MICOU

Muito está se falando sobre o golpe do Bolsonaro no Brasil. Golpe que não deu certo, e foi tentado pelo governo que cessou em dezembro/22. Bolsonaro é o reflexo da ditadura militar e do ambiente de violência do Rio de Janeiro. Ganhou a eleição em 2018, como uma escolha errônea e destemperada de parte dos brasileiros, diante da roubalheira praticada no mensalão e no “petrolão” durante os governos petistas. Em 2003, Lula/PT chegou ao poder no Brasil. Durante seus 3 governos foram se afundando em práticas e escândalos de corrupção, sendo os principais o mensalão e o mega esquema de ilícitos chamado de petrolão. O governo Bolsonaro 2018/2022, foi um desastre civilizatório, que fez o Brasil flertar com a barbárie na política e na vida do povo. Lula, que foi condenado e preso, voltou à cena, tendo sido “descondenado”, como alternativa de poder ao bolsonarismo. Com isso, criou-se uma polarização nefasta e tóxica entre o lulopetismo e o bolsonarismo, que persiste no país até hoje, embora venha perdendo força gradativamente. Em 2022, quando a polarização tornou-se dominante, o Brasil caminhava para a vitória de Lula. Então, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada para não entregar o poder. Usou todos os meios de redes sociais, de articulações políticas, de ataques às urnas eletrônicas, e por fim, passou a articular um movimento golpista para não reconhecer o resultado das eleições. Seu plano era afirmar que as urnas foram fraudadas e por isso ele decretaria um estado de sítio, de exceção, de autoritarismo, e permaneceria no poder. Buscou apoio nas forças armadas para respaldar seu golpe. Mas os chefes militares, instados por forças internas e externas, negaram-lhe o apoio, e ele ficou só, com seu grupo, vendo seu plano de golpe “micar”. Lula tomou posse e Bolsonaro está respondendo por conspiração contra a democracia. Na verdade, o resultado dessa polarização bolsopetista tem feito o Brasil padecer, na perda de ética, de qualidade de vida, de esperança no país. É urgente construirmos o caminho para sair desse dualismo e partir para o bom senso do centro democrático despolarizado. Para isso trabalhamos. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

BRASIL: Não ao PL da Devastação!!!

Muito se tem dito que o desmatamento tem diminuído no Brasil. Isso é uma verdade. A derrubada de floresta teve uma queda de 40% nos últimos anos. Mas isso não permite, de forma nenhuma, que estejamos satisfeitos. O Brasil é a maior reserva florestal do mundo, embora tenha perdido grande parte de sua cobertura vegetal no decorrer do tempo, em todos os seus 6 biomas. Da Mata Atlântica, que já foi exuberante, restam míseros 14,5%, e continua ameaçada pelo desmatamento. Nosso cerrado já perdeu 50% de sua área verde, e avança a destruição de sua mata característica. O Pantanal, o maior bioma úmido do planeta, sofreu uma devastação demolidora nas últimas queimadas, grande parte delas provocadas pela mão humana, e potencializada pela estiagem cruel das mudanças climáticas. No Pampa e na Caatinga avança o processo de desertificação, promovido pela mão humana e pelos fenômenos climáticos. A Amazônia, nossa grande floresta, a maior do planeta, já perdeu 25% de sua cobertura verde, com a “construção do progresso do Brasil”. E embora tenha queda no desmatamento, nos últimos 2 anos, a floresta continua sendo derrubada todos os dias, em ritmo agressivo, seja pelo “desenvolvimento” da atividade agropecuária, muitas vezes ilegal, seja pela exploração de venda da madeira, do garimpo e da especulação da terra. É preciso dizer que a “atividade econômica” do desmatamento na Amazônia é conduzida pelas quadrilhas de tráfico de drogas, do crime organizado, de grupos políticos e econômicos corruptos e predatórios que avançam mata adentro, desmatando terras públicas e reservas indígenas. Agora, esse crime contra a humanidade pode ser escrito na letra da lei. Foi aprovado pelo Senado e já está para aprovação na Câmara Federal o PL 2159/21, que flexibiliza drasticamente a licença ambiental e abre a porteira para a “boiada passar”. A “bancada do boi e do agro”, aliadas a outras bancadas da predação querem apoiar essa barbárie, em tempos de aquecimento global e degradação ambiental. O governo federal está dividido. De um lado, a Ministra Marina Silva, que é contra e do outro, Ministros do PT e outros partidos que são simpáticos ao “PL da devastação”. A nós, ambientalistas, empresários conscientes do desenvolvimento sustentável, cientistas e acadêmicos, religiosos comprometidos com nossa casa comum, organizações da sociedade civil, intelectuais e jornalistas, pessoas do povo que são vítimas dos fenômenos climáticos extremos, parlamentares e gestores com senso de responsabilidade, resta conversar com o povo brasileiro, para fazer uma enorme pressão sobre o Parlamento e o Governo brasileiro e enterrar o PL2159/21, e partir para construir um Brasil de progresso, sim, mas com desenvolvimento econômico sustentável, consonante com a preservação ambiental. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Hoje é Dia do Meio Ambiente

Hoje é o Dia do Meio Ambiente. Cuidemos dele !!! Cuidemos da Vida e do Planeta, tão maltratado pelas mãos humanas. Proteger a Natureza é defender a própria Vida !!!

ENSINO MÉDICO: perigo de vida!!!

O Brasil possui hoje cerca de 500 mil médicos. A maioria deles concentrada nas grandes cidades, onde existem mais oportunidades de trabalho e maior oferta de serviços e conhecimentos. O interior do Brasil geralmente carece muito de atendimento médico por ausência de profissionais. Em 1975 o país tinha 73 Faculdades de Medicina, a maioria delas públicas como a FMUSP ou a Escola Paulista de Medicina, e poucas privadas, como a Santa Casa de São Paulo, porém de excelente qualidade no ensino. Hoje o Brasil possui cerca de 400 Escolas de Medicina, espalhadas por todo território nacional. Elas formam em torno de 40 mil médicos por ano. O grande problema identificado é a baixíssima qualidade do ensino médico em grande parte dessas faculdades. Muitas dessas faculdades não têm hospital escola, e há grande deficiência de professores de medicina, As mensalidades são pesadas, chegando a 10 e 15 mil reais por mês. Formam-se médicos sem qualificação adequada para atender os pacientes, deixando a população exposta à incompetência e imprudência no ato médico. Cada dia mais, temos contato com casos escabrosos de erros de diagnóstico e de conduta, praticados por esses “médicos” novos malformados em escolas médicas sem condições de formar bons profissionais, que também são vítimas desse processo. A causa desse descalabro na Medicina é a brutal comercialização e mercantilização do ensino e da prática médica. Alguns grandes grupos internacionais de ensino, como por exemplo, a CROTON, se apropriou do ensino superior do Brasil, comprando Universidades e Faculdades e abrindo inúmeras delas, entre essas, Escolas de Medicina. Esses “cursos” são muitas vezes financiados com verba pública, pelo FIES, e esse dinheiro todo vai parar nos bolsos desses “grupos educacionais”. O resultado disso é uma péssima qualidade do ensino superior brasileiro, entre eles a medicina, sendo que nesse caso são vidas humanas que estão no centro dessa barbárie educacional. Diante dessa “catástrofe”, as entidades médicas defendem há tempos o Exame de Proficiência Médica, que avaliaria os formandos de medicina antes de lhes outorgar o diploma profissional, que o autoriza a atender pacientes. Nunca se conseguiu aprovar isso em lei. Há um projeto no Senado (que foi barrado nas comissões) e sete projetos na Câmara Federal, propondo esse exame. Alguns há décadas, mas não prosperam. Os lobbys são intensos e não deixam aprovar. Agora, depois de toda essa situação calamitosa no ensino e no atendimento médico, que perpassou vários governos, após muita pressão das Entidades Médicas, o governo decidiu criar o ENAMED, que é uma prova para avaliar a qualidade do ensino das “Escolas Médicas” com a finalidade de tomar providências diante do descalabro do nível desse “ensino”. Mas, tendo em vista a poderosa pressão dos “grupos educacionais” que comercializam o ensino na maioria das Faculdades de Medicina no Brasil, só mesmo uma mobilização das entidades sérias de saúde e da população, poderão obrigar o Governo e o Congresso brasileiro a agir com firmeza para moralizar a formação médica no Brasil. Em nome da saúde e da vida! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Manifestação contrária à aprovação do Projeto de lei nº 2159/2021

                                                                                                           São Paulo, 22 de maio de 2025. A AFPESP vem a público manifestar a sua preocupação e discordância em relação à aprovação do Projeto de Lei nº 2159/2021, o então chamado “PL da Devastação”. O texto aprovado no Senado Federal propõe alterações significativas nas regras do licenciamento ambiental no Brasil, enfraquecendo sobremaneira procedimentos que são essenciais para a análise e controle de impactos socioambientais. Entendemos que o desenvolvimento econômico deve caminhar lado a lado com a conservação ambiental, e que o licenciamento ambiental é um instrumento técnico, legítimo e necessário para garantir que obras e empreendimentos sejam planejados de forma responsável e sustentável. Neste sentido, apelamos aos Srs. parlamentares e demais autoridades competentes que reconsiderem o avanço do referido projeto, abrindo espaço para um debate mais aprofundado e transparente com a sociedade, a academia, os órgãos técnicos e o setor produtivo comprometido com a sustentabilidade, buscando assim, o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável do Brasil. ARTUR MARQUES DA SILVA FILHO Presidente AFPESP GILBERTO TANOS NATALINI Coordenador de Meio Ambiente AFPESP

FILHOS DE PLÁSTICO!

Tenho dito que a humanidade está sofrendo o maior stress de sua história. Venho repetindo isso com convicção, pelo conjunto de sinais e sintomas que observamos no comportamento das pessoas: a violência que explode, as narrativas mentirosas, as fakenews, o aumento grande do número de depressivos e de suicídios, o individualismo crescente, a ganância sem limites, a espiritualidade mercenária, o consumo exagerado e perdulário e as guerras genocidas. Esses são alguns dos sintomas que já existem entre nós, mas que cresceram exponencialmente nos últimos tempos. Não vou tratar deles aqui com detalhes, pois precisaria falar das trapalhadas políticas, da crescente e vergonhosa desigualdade social, da degradação irresponsável do meio ambiente e da crise moral e ética que atravessa o Planeta e em particular o Brasil, com uma pandemia de criminalidade e corrupção. Mas, quero falar especificamente de um comportamento que aflorou agora, e que seria cômico, se não fosse patético. Claro que conhecemos a prática milenar do convívio entre os humanos e os animais. Mas esses são seres vivos, que retribuem afeto e serviços, e são companhia de vida de muita gente. Embora, também nesse caso haja cada vez mais exageros, onde os animais de estimação tomam o lugar da família distante ou ausente, e vemos uma pessoa ter mais amor por um pet do que por um filho. Isso existe. Mas o fenômeno do momento, me parece assustador. Filhos, pais, irmãos, parentes, amigos, vem sendo substituídos pelos chamados bebês reborn, os humanoides de silicone/plástico e inertes, frios e sem sentimentos que são adotados por homens e mulheres em todos os cantos. Nós sabemos que a convivência lúdica com bonecas, são praticadas há muito tempo por crianças e adultos. Há pessoas que têm coleções de bonecas como hobby, assim como meninos e homens têm a mesma prática lúdica com carrinhos e super-heróis. Porém, o que está acontecendo agora é muito diferente. Impulsionados por uma carência existencial, por desarranjos familiares e pela rede social, muitas pessoas transferiram seu afeto para humanoides de silicone ou borracha, e os tratam como entes queridíssimos, a ponto de querer levá-los aos serviços de saúde, ou exibi-los como seres vivos queridos. É claro que (sempre) existem os aproveitadores, que valendo-se da estranha onda, se jogam nas redes sociais e até em disputas judiciais em torno dos “filhos de silicone/plástico”, Um realismo fantástico e amalucado. Quando uma criança brincava com uma boneca ou um boneco, estava substituindo um filho ou um amigo/herói nas suas fantasias infantis. Mas quando um adulto compra um bebe reborn, leva pra casa, dedica-lhe afeto e bens materiais e agora exige que os serviços de saúde os atendam quando “ficam doentes”, estamos tratando de um novo capítulo da psiquiatria social, que ainda está estupefata com o fenômeno. Já não me espanto com mais nada olhando a humanidade e suas peripécias boas ou terríveis. Só sei que o stress humano é enorme e criativo. Seja para o bem ou para o mal. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Saúde e sustentabilidade: a interdependência entre meio ambiente e bem-estar coletivo

Historicamente, a humanidade tem se posicionado como uma entidade separada e dominante sobre a natureza, explorando seus recursos de forma intensiva. No entanto, essa perspectiva tem levado a desequilíbrios ecológicos significativos, o que nos obriga a reconhecer que somos parte integrante do meio ambiente e que a nossa saúde e bem-estar estão intrinsecamente relacionados à manutenção dos ecossistemas. As mudanças antrópicas têm intensificado a ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, enchentes e secas, que impactam diretamente a saúde da população. Estudos indicam que 58% das doenças infecciosas conhecidas são agravadas por eventos climáticos extremos, devido ao aumento da proliferação de vetores e à contaminação de recursos hídricos. No Brasil, entre 2020 e 2023, o número de pessoas adoecidas devido a desastres naturais e eventos extremos aumentou de 54 mil para 157 mil, evidenciando a crescente vulnerabilidade da população. Adicionalmente, em 2022, a OMS estimou que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano são resultado de causas ambientais evitáveis. Essa constatação permite concluir que um meio ambiente enfermo é muito prejudicial à saúde do ser humano, razão pela qual, é necessário maximizar os esforços, a fim de preservá-lo e mantê-lo em boas condições. Pelo constatado, podemos observar como a diligência ou a negligência com o meio ambiente podem afetar diretamente a saúde humana. Diversas doenças e comorbidades que os profissionais da área da saúde referem podem estar relacionadas à degradação ambiental, tais como: doenças respiratórias, infecciosas e gastrointestinais. Diante dessa constatação, como devemos enfrentar e integrar saúde e meio ambiente? Neste sentido, o funcionalismo público desempenha um papel fundamental na implementação e execução de políticas que integram saúde e sustentabilidade. Profissionais de diversas áreas, como saúde, meio ambiente e defesa civil, são essenciais na elaboração de estratégias de prevenção, na resposta a emergências e na educação da população sobre práticas sustentáveis. Um exemplo disto, é o Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/1990, sendo um marco na promoção da saúde pública no Brasil. Essa legislação reconhece que a saúde é influenciada por diversos fatores determinantes e condicionantes, que incluem: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer e acesso aos serviços essenciais. Essa abordagem ressalta a importância de políticas públicas intersetoriais que integram saúde e sustentabilidade. Já o programa “São Paulo Sempre Alerta”, uma iniciativa em nível estadual, visa articular ações intersetoriais para fortalecer a infraestrutura preventiva e a segurança da população. A Secretaria de Estado da Saúde capacita equipes para lidar com os efeitos desses eventos, prevenindo surtos de doenças e garantindo o abastecimento de insumos essenciais. Investir em infraestrutura sustentável – como o saneamento básico – também é uma estratégia eficaz para a promoção da saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 20144), para cada dólar investido em saneamento básico, economiza-se US$ 4,30 em custos com saúde. A relação entre saúde e meio ambiente exige uma abordagem integrada e sustentável nas políticas públicas. O fortalecimento do SUS, aliado a investimentos em infraestrutura sustentável e à atuação proativa do funcionalismo público, é vital para mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos na saúde humana. A adoção de práticas sustentáveis e a promoção da equidade social são caminhos essenciais para garantir a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas e para assegurar a saúde e o bem-estar das futuras gerações. Portanto, cabe a nós decidir racionalmente o que é melhor. Enfrentar as nefastas consequências de nossas escolhas equivocadas até este momento, inclusive para as gerações futuras, ou assumir a responsabilidade que nos cabe para garantir um meio ambiente saudável e, por conseguinte, mitigar os riscos para a saúde humana? Por Gilberto Natalini e Ulysses Francisco Buono