Com a realização nesta semana do Leilão do poço de Libra na bacia santista vencida por um consórcio único e, portanto, com acordo pré-contratual de preço mínimo obtido pela falta de concorrência, folgadamente pegaram o preço que mais lhe interessa; o mínimo.
Além de ser o único participante, o consórcio, na verdade, é um negócio quase que total de estatais, tanto por nossa parte quanto pelas da China, num claro sinal de que o processo não fluiu em águas mansas e floridas. Além disso, a nossa Petrobras será a gestora o que dá um ar estatal maior ainda, sem contar os 6 bilhões que a nossa estatal terá que depositar no negócio, com todas as suas conhecidas dificuldades de caixa (aliás a única produtora de petróleo com anunciada dificuldades de caixa).
Somos do tempo em que leilão era um ato convocado por um vendedor de um lado e de vários compradores do outro lado que, como ensina Aurélio, digladiando entre si a partir do primeiro lance de preço mínimo fixado pelo vendedor, conseguem o faustoso acontecimento de elevar o preço mínimo, para a glória do vendedor.
Não foi esse o caso do Leilão do poço de Libra; apareceu somente um consórcio, as grandes petroleiras americanas não se animaram em participar; apenas o grupo anglo-holandês, juntamente com o grupo quase estatal francesa fizeram o favor de participar juntamente com os chineses e a nossa Petrobras.
A falta de concorrência no Leilão pode apresentar várias facetas, cada qual com seu conceito diferenciado, senão vejamos: O Governo declara-se completamente satisfeito e, claro, não poderia declarar-se insatisfeito. Correu tudo de acordo com o previsto e vamos esperar os primeiros barris, a surgir daqui a mínimos cinco anos quando então teremos um mar de riqueza, com grandes aplicações em educação, saúde, transporte, segurança, saneamento básico. Isto sem qualquer conotação às eleições do ano que vem. Imagine!!!
Do lado prudente, estamos buscando em pleno século 21 um produto do século 20. Não podemos esquecer que as graves consequências ambientais que vimos sofrendo com a combustão de óleo na formação de CO2, sem duvidar que algo ruim com nosso planeta está para chegar, tanto que a incrível resistência da indústria automobilística está sendo lentamente vencida com a entrada de carros híbridos e elétricos e com a expansão da eletricidade eólica. Esse fato pode proporcionar uma leitura de menor consumo de petróleo.
Os árabes, maiores produtores, já estão diversificando seu capital em investimentos outros prevendo a queda do petróleo. Os cientistas ambientais estão promovendo estudos para minorar a atmosfera e caso cheguem a bom termo, nova baixa de consumo de petróleo se prevê.
Assim, posto o lado político de entusiasmo e o lado de observação do que poderá acontecer no longo prazo, temos as sábias palavras do Professor José Goldemberg, ditas logo após o anúncio pelo Presidente Lula da descoberta do pré-sal, anúncio este que alavancou um onda fictícia de progresso, tal qual a criação de Brasília, e até gerou a realização da Copa do Mundo de Futebol e da Olimpíada, seguramente fora de nossas reais possibilidades, dado os gastos extraordinários sem retorno completo e geradores de inflação: disse o Professor “é preciso calcular o risco que correremos…..”. Podemos também considerar como risco, a falta de tecnologia adequada para tirar petróleo a 7mil metros de profundidade. Quantos estouros iguais ao do Golfo do México (4 mil metros) teremos por aqui e a que preço?