Pacientes com demência: prática e cuidados no dia a dia

Sem mente ou fora da própria mente é a terminologia cunhada pelo psiquiatra francês Phillipe Pinel (1745-1826) para o termo demência que é uma síndrome decorrente de doença cerebral. A demência tem muitas causas possíveis sendo a doença de Alzheimer o exemplo mais comum responsável por 50% a 75% dos casos.

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As outras causas são doenças degenerativas, Parkinson, traumatismos cranioencefálico (demência pugilística, por exemplo), medicamentos mal administrados e inúmeras outras que exigem séria investigação diagnóstica.
A doença pode ser controlada e muito se pode fazer para diminuir o sofrimento dos pacientes e de seus familiares auxiliando-os no seu dia a dia por meio da informação.
O assunto foi debatido, nesta sexta-feira (18) na Câmara Municipal de São Paulo com o objetivo de levar informação sobre como cuidar em casa de alguém que, aos poucos, torna-se dependente em várias funções.

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O encontro – uma iniciativa do médico e vereador Gilberto Natalini (PV) e realizado pela ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer /SP – teve como palestrante Ceres Eloah de Lucena Ferreri, especialista em demências. Natalini não pôde estar presente, mas foi representado por sua assessora parlamentar Luciana Feldman.
“Demência cria dependência e não tem cura embora alguns medicamentos possam estabilizar a doença, tornando-a mais lenta”, informou a palestrante que é mestra em Neurociências. Segundo ela, a demência incide, com mais frequência, em pessoas que passaram dos 60 anos de idade e mais em mulheres “ simplesmente porque a população feminina é maior que a dos homens”.
Quarenta e sete milhões de pessoas têm demência no mundo e no Brasil são 1.500.000 indivíduos com a síndrome. A cada quatro segundos, um diagnóstico de demência é registrado no planeta. “É preciso que os familiares fiquem atentos aos primeiros sinais de demência: comportamento agitado, delírios, agressões verbais e/ou físicas etc”, orienta Ceres Ferreri.
O cuidador formal (contratado) deve, conforme a palestrante, gostar do que faz e saber que nunca deve infantilizar o doente. “Isso de tratar um doente sexagenário, que tem uma história de vida por trás, no diminutivo é absurdo. Há pessoas que, com voz de criancinha, tratam o demente como bebê; “vamos comer a papinha? vamos lavar as mãozinhas? Isso é completamente errado e desrespeitoso”.
Outra orientação é ter paciência e não levar para o lado pessoal as agressões, as alterações de comportamento, as manhas. “Com eles nada é proposital”, ensina a pesquisadora.
Os passeios são uma alternativa para estimular o paciente e oferecem melhores condições para lidar com a síndrome. “O correto é tentar manter as atividades preferidas do doente sem jamais isolá-lo. Se ele gostava de ir a um restaurante, por exemplo, leve-o mas sempre com responsabilidade sabendo que ele deve alimentar-se em uma mesa mais afastada dos outros porque poderá causar algum problema”.
“Há sinais clínicos sutis que profissionais gabaritados conseguem detectar”, explica a palestrante que finalizou informando que “nenhum de nós está livre da demência”.
Ceres Eloah de Lucena Ferreri
Enfermeira pós- graduada em Gerontologia Social, mestra em Neurociências, doutora em Ciências pela INIFESP/EPM e pós-doutoranda em Neurologia Cognitiva e do Comportamento do Hospital das Clínicas/FMUSP, que é também coordenadora do Programa Educação em Demência e Assistência ao Cuidados do Hospital das Clínicas/FMUSP e presidente da ABRAz (Associação Brasileira deAlzheimer)/ SP

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