São Paulo e suas chuvas!

O eminente cientista e professor Carlos Nobre publicou há algum tempo um estudo sobre o volume das chuvas nas últimas décadas. Nele é mostrado que a quantidade de água que cai do céu dobrou nesse período. E também que a cada ano que passa, além de chover muito mais, nos períodos chuvosos, o tempo de precipitação tem diminuído. Ou seja, tem chovido cada vez mais, chuvas volumosas, em período de tempo cada vez menor.

Na cidade de São Paulo temos vivido isso a cada ano. Com alguns agravantes:
Boa parte do solo da cidade São Paulo está impermeabilizado com asfalto e cimento. Os 500 córregos e os 3 rios encontram-se assoreados e entupidos por lixo, entulho e mato. As galerias pluviais são antigas e insuficientes e também sofrem com o lixo acumulado nelas. A topografia da cidade colabora, para que as ruas com declive se transformem em corredeiras caudalosas. Assim, somando-se à violência das chuvas, verdadeiras trombas d’água, com os fatores de impermeabilização do solo, obstrução das galerias, bueiros e assoreamento dos cursos       d´água, vemos aumentar assustadoramente as áreas de cheias dentro de São Paulo.
Qualquer área de baixada está sujeita à enchente. Hoje, numa chuva drástica, ninguém está seguro em nenhum lugar.  Isso sem falar dos ventos fortes, da queda de árvores e de raios.
Viver em São Paulo, em época de chuvas, tornou-se muito perigoso. E qual é a solução?
Agora, só nos resta remediar. Diminuir a quantidade de chuvas é impossível, porque isso está ligado às mudanças climáticas. Desimpermeabilizar o solo da cidade onde for possível: com calçadas e pavimentos permeáveis, aumento das áreas verdes, limpeza dos córregos e liberação de suas margens, ampliação da drenagem e desobstrução das galerias pluviais. Também recolher em casas e prédios parte da água de chuva para uso indicado.
Temos leis para isso. Temos expertise para isso. Temos pessoas que sabem fazer isso. Temos um conjunto de propostas factíveis e viáveis para isso.
O que falta? Um governo, um prefeito que tenha visão e vontade política para fazer. Pelo menos para começar a fazer.
Gilberto Natalini
Ambientalista, Médico e Vereador (PV/SP)

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