Câmara Municipal de São Paulo realiza Encontro sobre Hanseníase

O Brasil ocupa o 2° lugar no ranking mundial da doença, atrás da Índia. A hanseníase cresce silenciosamente provocando sequelas irreversíveis e afastando do trabalho e do convívio crianças, jovens, adultos e idosos. Preocupados com esse cenário, o vereador Gilberto Natalini (PV), a SBH e o NABEM se juntaram para trazer à Câmara Municipal de SP esse tema de tão grande importância. 


Vários problemas se apresentam neste cenário: médicos despreparados para o diagnóstico, profissionais da atenção básica sem treinamento adequado, universidades que formam médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde sem o preparo necessário para lidar com esta doença, educadores, pais e formadores de opinião que evitam ou desconhecem totalmente o assunto, falta de recursos e interesse para pesquisa, cobertura insuficiente da população pela estratégia saúde da família, além da problemática jurídica em torno dos direitos das pessoas vítimas da hanseníase – doentes que passaram a vida em leprosários e filhos de pacientes que viveram internados em preventórios mesmo sem ter a doença, sendo todos privados de seus direitos básicos e hoje esquecidos em antigas colônias e dependendo de dedicados profissionais de saúde e da boa vontade de abnegados voluntários.

“Pergunta-se então: que cura é esta que livra o doente do bacilo causador da hanseníase, mas deixa o paciente com incapacidades que o afastam do trabalho e da sociedade? O tema tem de voltar à escola e a toda sociedade. Negar o assunto é conferir força a uma sucessão de erros gravíssimos para todo o Brasil: é estigmatizar o paciente que acaba diagnosticado tardiamente, ou que nega a própria doença, é reforçar o preconceito, é contribuir para que a hanseníase vitime mais seres humanos. O bacilo não escolhe raça, condição econômica ou cultural”, disse Dr. Claudio Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia.

O diagnóstico da hanseníase é difícil. Exames de laboratório conseguem identificar menos da metade dos casos; o diagnóstico depende do preparo e treinamento do médico. Mas o médico capacitado reconhece a doença e isso basta para que o paciente seja tratado e curado. Muitos pacientes recebem um “desdiagnóstico”, este feito por exames clínicos pouco acurados e, às vezes, baseados apenas na presença exclusiva de lesões cutâneas, sem dar importância aos sintomas e também ao exame neurológico essencial para o diagnóstico da hanseníase.
“A hanseníase tem cura, temos medicamentos gratuitos em todo o país, mas  é muito importante a boa qualificação de todos os profissionais de saúde para que seja feito um diagnóstico precoce. A atuação multiprofissional no tratamento da hanseníase é muito importante”, disse a Dra. Leontina Margarido- representante da Associação Paulista de Medicina.  
A SBH é a responsável pela campanha nacional Todos Contra a Hanseníase, uma estratégia de comunicação criada para “falar” com educadores, pais, doentes de hanseníase que convivem com o preconceito, crianças, autoridades de Educação e Saúde, instâncias do Judiciário brasileiro, políticos, imprensa e formadores de opinião em geral. A intenção é que o assunto volte às salas de aula, que a hanseníase seja ensinada como uma doença curável transmitida por um bacilo. O Brasil precisa de mais profissionais de saúde formados e sensibilizados para diagnosticar a doença. É muito importante aumentar os diagnósticos da doença, pois apenas assim poderemos contribuir para transformar um cenário doloroso no Brasil.
“Precisamos da união de todos os atores, sejam eles pacientes, familiares, profissionais de saúde, Universidades, Entidades Não Governamentais, Prefeitura e o Legislativo para que possamos avançar em políticas públicas para hanseníase na cidade de São Paulo. Eu coloco o meu mandato à disposição para criarmos esse comitê e pensarmos juntos nessas ações”, disse o médico e vereador Gilberto Natalini. 

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