Comissao Extraordinaria Permanente do Meio Ambiente (CEPMA) vistoriou as instalacoes da antiga Nuclemon Minero-Quimica

No dia 18 de abril de 2011, sob a liderança do Vereador Gilberto Natalini, Presidente da Comissão Extraordinária Permanente do Meio Ambiente (CEPMA), o Poder Legislativo Municipal realizou aprofundada vistoria nas instalações da antiga Nuclemon Mínero-Química, uma das empresas desativadas do programa nuclear brasileiro, localizada no cruzamento da Av. Miguel Yunes com a Av. Interlagos.

 

Na vistoria, estiveram presentes, por solicitação do Vereador Natalini, técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA), do Sindicato dos Químicos e da Associação dos Ex-empregados da Nuclemon, além do Subprefeito de Santo Amaro, da representante do Conselho de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES) Regional de Santo Amaro e de órgãos da imprensa (TV Câmara, TV Brasil, entre outros).

 

Questionado, o Coordenador da Unidade de São Paulo da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Valter Mortágua, esclareceu que o projeto de remediação pretende reduzir os níveis de radiação da área do entorno do galpão para os limites estabelecidos pela CNEN (atualmente estão 2 vezes maiores). Após aprovação por aquela entidade em 30 de Outubro de 2009, foi necessária uma nova licitação para contratar mão de obra, e os trabalhos (originalmente previstos para abril) puderam ser iniciados em julho de 2010. Somando-se a esta nova licitação, chuvas intermitentes (que impredem o andamento dos trabalhos por cerca de 2 ou 3 dias) provocaram um atraso do cronograma do Projeto (cerca de 6 meses).  A intenção é concluir as obras até o final deste ano. O solo contaminado está sendo retirado (confirmando as estimativas de profundidade do Projeto) e, conforme suas características, enviado para um aterro sanitário ou armazenado dentro do galpão, que, segundo a CNEN, atende às normas para um depósito de material radioativo. Quanto à possibilidade de desativação deste depósito, para que todo material seja levado para outro local, a deliberação está nas mãos da Presidência da INB, no Rio de Janeiro. Quanto à água subterrânea, nenhum dos 39 pontos do monitoramento anterior na área externa encontrou contaminação. Nova investigação em separado para a área interna, debaixo do piso do galpão, descobriu um poço com água contaminada com radioatividade (Ponto 5 C) . Foram feitos estudos para determinar o tamanho da pluma e o caráter exato da contaminação, e submetido um Plano de Descontaminação à apreciação da CNEN, ainda não aprovado. A CETESB acompanha o processo.

 

Já Coordenador Geral do Ciclo do Combustível Nuclear da CNEN, Arnaldo Mezrahil, informou que a remediação da área externa está sendo feita de acordo com o Plano de Descontaminação aprovado pela CNEN. O poço contaminado debaixo da área interna do galpão deve ser decorrente do processamento industrial  ali feito pela USIN na década de 90. Por ter sido recentemente descoberto, o Projeto para sua descontaminação ainda não foi aprovado, embora esteja entre as prioridades da Comissão, que também  licencia e fiscaliza outros empreendimentos que operam com a radioatividade.  Questionado quanto ao risco e possíveis consequências de acidentes (como a queda de um helicóptero por exemplo) e quanto ao impacto psicológico da existência de um tal depósito em uma área residencial cada vez mais densamente povoada, manifesta sua opinião de que a CNEN não determina  a transferência de um depósito para outro local. Segundo ele, a Comissão limita-se a analisar, avaliar e licenciar o local escolhido pelos operadores, sendo que São Paulo tem inúmeros locais licenciados como depósito de material radioativo. Embora argumente que o material tem carga de incêndio baixa, e que é oriundo das areias monazíticas do Espírito Santo, concorda que ele não pode ser devolvido às praias porque é um subproduto de processamento industrial (Torta II – urâno e tório).

 

No próprio local ficou deliberado que a Comissão Extraordinária Permanente do Meio Ambiente (CEPMA)  vai chamar à Câmara Municipal, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e o   Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares – IPEN para depoimentos., tendo desde já solicitado o empenho da CNEN na aprovação urgente do Projeto para que a INB possa remediar a contaminação da água.

 

Gilberto Natalini, Vereador Presidente da Comissão deixou claro que vai atuar democraticamente para que o material radioativo seja retirado de São Paulo para local devidamente licenciado para tal, como forma de proteger a população paulistana dos riscos causados por esse depósito irregular, cuja área total deverá ser definitivamente recuperada.

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