Integrantes da Comissão Municipal da Verdade Vladimir Herzog (CMVVH) reuniram-se nesta terça-feira, 28, com o diretor técnico do Instituto Médico Legal (IML), Ivan Dieb Miziara, para discutir o enterro de pessoas supostamente desconhecidas em São Paulo.
A CMVVH já havia se reunido com a direção do Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), ligado à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), para tratar do mesmo assunto. O Ministério Público também investiga se mortos com identificação estão sendo sepultados como desconhecidos nos cemitérios da cidade.
Miziara explicou que a primeira função do IML é identificar os mortos, o que implica tirar fotografias, impressões digitais e colher material genético, caso não haja identificação por documentos de quem perdeu a vida. Os corpos são guardados por até 72 horas antes do enterro.
O diretor do IML estimou em 10% os mortos não reclamados em São Paulo, que acabam inumados como desconhecidos. Ele garantiu que 100% dos casos atendidos pelo IML têm o material recolhido, para eventual identificação futura.
O vereador Mario Covas Neto, relator da CMVVH, solicitou maior integração nos trabalhos de identificação de pessoas que sofreram mortes suspeitas, cujos corpos são enviados ao IML, e aqueles que perderam a vida por causas naturais, encaminhados ao SVO, para evitar o sepultamento de desconhecidos.
O padre Júlio Lancellotti, que participou da reunião, pediu medidas por parte do IML para evitar que pessoas em situação de rua continuem sendo inumadas como desconhecidas. Miziara se comprometeu a estudar o assunto.
O interesse da CMVVH relacionado ao enterro de pessoas desconhecidas vem da descoberta da vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, na década de 1990, onde presos políticos da ditadura militar foram enterrados como indigentes para que não fossem descobertos.
