Descarte correto do lixo eletronico

A gestao de residuos e um enorme desafio para qualquer administracao municipal. e preciso montar uma logistica precisa para dar conta da producao de lixo de uma cidade. Em media, o paulista produz um quilo de lixo por dia. O estado todo, por sua vez, e responsavel por um quarto de tudo que e produzido no pais.

Encontrar solucoes sustentaveis para lidar com essa questao tem sido uma preocupacao crescente. Com a lei federal que extingue, ate 2014, todos os lixoes, as administracoes estao empenhadas em construir aterros sanitarios, que sao alternativas mais limpas e que causam menos impacto no meio ambiente. O proximo passo e implantar a coleta seletiva eficiente, o que vai aumentar os indices de reciclagem e diminuir a quantidade de detritos que acaba se acumulando nos aterros.

Um tipo especial de lixo, entretanto, nao tem recebido a devida atencao. O lixo eletronico, produto direto da Era Digital, ainda e uma novidade. Nao ha politicas de tratamento e destino para esse material, que pode causar graves danos ao meio ambiente.

Houve um aumento consideravel na producao de lixo eletronico nos ultimos anos, devido a ininterrupta renovacao desses produtos. Tudo comecou com a Revolucao Digital iniciada nos anos 50 com a invencao do transistor, um minusculo semicondutor que, no inicio da era dos computadores, custava alguns milhares de dolares por unidade. Atualmente, um lote com milhares de unidades sai por menos de um dolar. Para efeito de comparacao, se um transistor em 1968 custava um dolar, hoje em dia ele custa quase um bilionesimo disso.

A queda dos precos dos componentes eletronicos aliada a modernizacao e automatizacao das industrias fez com que o desenvolvimento de novas e melhores tecnologias fosse cada vez mais veloz. Cada nova descoberta tornava obsoleto o que vinha antes, e os novos equipamentos comecaram a surgir em ritmo impressionante.

Nos ultimos anos, observou-se uma tendencia preocupante que nao havia sido prevista pelos cientistas. Com novas tecnologias surgindo a cada dia e novos produtos inundando o mercado a precos ainda menores, uma quantidade absurda de material eletronico desatualizado passou a acumular-se nos lixoes mundo afora.

O lixo eletronico, como e chamado esse material descartado, e perigoso para o meio ambiente, pois contem metais pesados como chumbo e cadmio, que contaminam o solo e destroem toda a cadeia alimentar de um ecossistema. Desde calculadoras a poderosos computadores, esse material oferece riscos ao planeta e infelizmente ha pouquissima divulgacao sobre o assunto. e preciso pensar em formas sustentaveis de conciliar tanto o avanco tecnologico quanto o descarte de produtos que rapidamente tornam-se ultrapassados.

Em Sao Paulo, a questao do lixo eletronico comeca a receber a atencao. Ja realizamos campanhas de recolhimento do material em toda a cidade. Na ultima experiencia, mais de 27 toneladas foram recolhidas. O material passou por triagem e recebeu o destino adequado. O segundo passo ja foi dado: conseguimos tornar a arrecadacao permanente, atraves de 12 postos fixos de coletas nas mais diferentes regioes da cidade.

O lixo eletronico e um desafio novo e que merece ser observado pelo poder publico. Os danos causados pelo descarte indevido desse material sao ainda mais severos do que os causados pelo lixo tradicional, tornando imprescindiveis as politicas de coleta e descarte adequado. Todo os os municipios do Estado precisam se engajar na causa e promover campanhas que conscientizem a populacao sobre um assunto que merece nossa atencao.

O vereador Gilberto Natalini e medico e presidente da Comissao de Meio Ambiente da Camara Municipal de Sao Paulo.
natalini@camara.sp.gov.br
www.natalini.com.br

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