Em debate: a habitacao na recuperacao do Centro

Para uma platéia de cerca de 90 pessoas, a Associação Viva o Centro promoveu um excelente debate sobre a questão da habitação na recuperação do Centro de São Paulo. A iniciativa complementa o tema abordado na edição 50 da revista urbs: “Moradia e Moradores”, e teve participação especial do secretário de Estado da Habitação, Lair Lrähenbül.

 

Vereador Gilberto Natalini esteve representado pelo seu assessor José Renato Melhem que salientou no debate a importancia de previlegiar o uso misto nos novos empreendimentos da Secretaria de Habitação.

 

Este foi o segundo debate com base nos temas em desenvolvimento pela revista urbs, que passou a ter um caráter monográfico desde 2007. O primeiro debate – “Gestão Compartilhada – A Prefeitura pode cuidar de tudo?” – foi realizado em junho passado.

 

Como no anterior, o debate desta quarta foi mediado pelo editor da urbs e presidente do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta (Rádio e TV Cultura), Jorge da Cunha Lima. Compuseram a mesa o superintendente da Viva o Centro, Marco Antônio amos de Almeida, o diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia, e o sócio fundador da TPA Empreendimento e Construções, José Roberto Teixeira Pinto, além do secretário, Lair Krähenbul, que foi o entrevistado da referida edição da urbs, falando sobre “Políticas públicas para a habitação e a questão da recuperação do Centro”.

 

                  

Marco A. R. Almeida             Luiz Paulo Pompéia 

 

O diretor da Embraesp, Luiz Paulo Pompéia, veio em seguida e mostrou dados impactantes do mercado imobiliário. Segundo ele, são 50 mil unidades de imóveis entregues por ano em São Paulo. Entre outubro de 2006 e setembro de 2009, foram 1.107 lançamentos na cidade. 101.700 unidades entregues, 17.541.723,79 m2 e R$ 33,4 bilhões investidos no mercado imobiliário, o que equivale ao PIB anual da Bolívia.

 

“Estamos inserindo três cidades do porte de Botucatu (referindo-se a cidade do interior de São Paulo), por ano, na Capital”. O que entristece é que apenas 2% de todos esses lançamentos acontecem no Centro. De 2007 para cá, somente 7 empreendimentos imobiliários residenciais foram entregues no Centro de São Paulo. “O paulistano está sendo empurrado para fora do Centro e isso precisa mudar. É preciso destacar as qualidades do Centro, como transporte, gastronomia, cultura e lazer, para que volte a ser atrativo à moradia.”

 

Novas Ações:

 

José Roberto Teixeira Pinto

 

José Roberto Teixeira Pinto, sócio fundador da TPA Empreendimento e Construções, um dos maiores empresários do ramo imobiliário, é um dos apostadores no Centro Histórico. Ele falou com propriedade sobre o tema. Afinal, é o responsável por dois dos últimos lançamentos imobiliários de grande porte no Centro: o Novo Centro Arouche e o Novo Centro República, duas edificações recentes para atender à classe média na região. Este, por sinal, vendeu todas as unidades antes mesmo do lançamento do imóvel. Nem foi preciso montar estande de vendas.

 

“São dois condomínios residenciais diferentes e com proprietários diferentes nos apartamentos. No primeiro, o Arouche, são proprietários-moradores e as vendas foram acontecendo aos poucos. Já no República tivemos o interesse de investidores, empresários que estão apostando nas mudanças recentes e acreditam que o Centro será muito rentável novamente. ambém foi preciso inovar, criando nesses condomínios diferenciais não encontrados em outros prédios da região, como vagas de garagens, bicicletários, piscinas e saunas – atrativos suficientes para atrair interessados se somarmos àqueles que o Centro já oferece”.

 

José Roberto, mesmo otimista, acrescentou que ainda é preciso melhorar o aspecto social no Centro, e também investir pesado em limpeza. Além disso, acabar com a burocracia imposta pelo poder público para conseguir aprovação de projetos e aquisição de lotes para empreendimentos, entre outros problemas. De acordo com ele, hoje em dia é difícil operar no Centro, pois além de muita burocracia, existe a falta de terrenos para empreendimentos.

 

Ações do governo:

 

Lair Krähenbühlf

 

O secretário de Estado da Habitação, Lair Krähenbühl, fez a exposição das Ações do Governo no Centro da Capital. Para ele, o programa de moradias federal Minha Casa, Minha Vida ainda necessita de aperfeiçoamento em alguns aspectos, pois na formatação atual terá dificuldades em chegar à população que vive nas regiões metropolitanas, principalmente nas áreas centrais. “O teto que o programa impõe para financiamentos nas regiões metropolitanas é de R$ 52 mil por unidade. No Centro de São Paulo, por exemplo, esse valor não cobre nem o custo da construção, sem falar em terreno, infraestrutura etc”.

 

Krähenbühl defende o aumento do teto do programa aliado a um aporte de recursos dos governos estaduais. “Aqui no Estado de São Paulo estamos complementando os recursos para viabilizar 13 mil imóveis. Destinamos R$ 50 milhões num primeiro momento e esse valor deve aumentar no próximo ano.” Apesar de elencar alguns pontos que merecem ser revistos, o secretário elogiou a iniciativa do Minha Casa, Minha Vida e d
isse que desde seu lançamento, em março, o programa vem sendo aperfeiçoado e já incorporou boas sugestões feitas por Estados e Municípios.

 

Jorge da Cunha Lima

 

Jorge da Cunha Lima, mediador do debate, assinalou durante a síntese que fez ao final das exposições a importância da massa de informações trazida pelos convidados, lembrando que da mesma forma que a deterioração de um ambiente pode ser o grande estímulo para sua recuperação, o mimetismo do bem leva a que tudo o que for bem feito prolifere. E em seguida abriu à participação da platéia, que apresentou aos convidados perguntas cujas respostas completaram suas exposições.

 

Marco Antônio Ramos de Almeida abriu os trabalhos com um questionamento: “O Centro como solução de moradia ou a moradia como solução para o Centro?”. Em seguida, fez questão de frisar a multifuncionalidade do Centro Histórico, com bancos, hotéis, importantes instituições de ensino, equipamentos culturais de primeira linha e entretenimento, e a importância desse potencial para atrair moradores e, com isso alavancar a recuperação do Centro Histórico. “O Centro não é a solução para a moradia em São Paulo, mas é muito importante que tenhamos moradores no Centro e também o adensamento ao redor (Pari, Mooca). Moradores são um componente indispensável para ajudar o Centro a manter sua multifuncionalidade e a se recuperar.”

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