Dentre as profissões que demandam pura inspiração os dos poetas que põem letra em música são os mais difíceis de reproduzirem; não há no mundo terrestre um ensino pessoal ou mesmo institucional que lhes dê guarida a não ser a própria inspiração divina, conforme nos ensina o dito popular de que o que é bom já nasce feito.
Dias destes ouvindo um belíssimo samba de Paulinho da Viola e Elton Medeiros, “Pra fugir da Saudade”, comecei a pensar na dificuldade que teria em descrever a profundidade poética que a dupla imprimiu nessa melodia, dando-lhe um suporte quase que sublime.
Vejam e sintam a letra do samba: Saudade, você fez da minha vida, uma rua sem saída, por onde andou minha solidão, e hoje, quando tudo é esquecimento, uma flor sobrevive ao tempo e se desfolha em meu coração, para aliviar o meu sofrimento.
Ao ouvir essa melodia prestando atenção à letra e melodia, nota-se que a precisão da letra se encaixa perfeitamente na música e surge, então, uma integração sublime que traduz a dificuldade que a saudade de um amor que se foi pode provocar no ser humano de início mas suavizado pelo tempo que alivia seu sofrimento; ou seja: lhe dá guarida pra fugir da saudade!
A ciência musical ou a grande influência e inspiração carioca no meio da música popular brasileira é que consegue nos trazer a felicidade em forma de momentos especiais e sublimes que nos enlaçam de suavidade.
Pena que o mesmo espírito, a mesma fleugma, o mesmo humor corporal que a música com letra poética nos traz não tenha conseguido envolver a raça humana através da ciência política, para nos dar um comportamento humano mais digno, ético e leal.
