Opiniao: Ideias simples no combate as enchentes

O excesso de chuvas tem causado diversos problemas nos últimos meses. Desde dezembro, várias cidades como Cunha, Angra dos Reis e São Luis do Paraitinga se revezaram nas primeiras páginas dos jornais por causa do drama causado pela água. Em São Paulo, a situação não é diferente. As marginais alagam, túneis ficam interditados e o congestionamento aumenta. Para os cidadãos, conviver com esse transtorno significa perder tempo e, às vezes, seus bens materiais, como aconteceu com os moradores do Jardim Romano, na zona Leste.

 

Um estudo divulgado recentemente por pesquisadores dos Estados Unidos revelou que o número de furacões de grande intensidade na região do Caribe irá dobrar nos próximos anos, em consequência das mudanças climáticas e do aquecimento da água do mar. Aqui no Brasil, acredito que já estamos sentindo os efeitos do aquecimento global. E, provavelmente, a situação só irá se agravar nos próximos anos. Para contornar essa nova realidade, precisamos nos adaptar urgentemente.

 

Na verdade, boa parte dos estragos causados pelas chuvas poderia ser evitada se houvesse um melhor planejamento das intervenções humanas. A construção de casas em áreas de risco, a impermeabilização dos solos nas grandes cidades, entre outros fatores, potencializaram os problemas e, consequentemente, as destruições. Em São Paulo, por exemplo, nos últimos anos a única grande medida para evitar enchentes foi a construção de piscinões.

 

Novas ideias que podem contribuir para reverter a situação já existem. O asfalto poroso, que tem maior permeabilidade e pode inclusive substituir as bocas de lobo, já existe no mercado e está sendo testado em algumas vias, como na região da Capela do Socorro. Pesquisadores da USP também conseguiram desenvolver um material similar que substituiria o asfalto em áreas de menor movimento, como estacionamentos.

 

Algumas cidades também estão tentando acabar com a mania de cimentar áreas comuns, incentivando a manutenção de áreas verdes em praças e calçadas e a pavimentação ecológica, feita com tijolos intertravados que facilitam a penetração da água no solo.

 

Agora, é fundamental que essas soluções sejam divulgadas, conscientizando a população e exigindo do poder público o comprometimento para colocar mãos à obra.

 

Os problemas que as chuvas estão causando não precisam ser apenas umas desculpa para culpar autoridades ou para se lamentar do caos. Podem ser também um bom momento para repensar a ocupação urbana e servir de pretexto para reformas que se mostram necessárias há alguns verões.

 

Gilberto Natalini

Médico e Vereador (PSDB/SP)

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