Ciclovias, sim, mas não a qualquer preço

As ciclovias têm tudo para ser uma alternativa de transporte importante em regiões como a Grande São Paulo. Além disso, andar de bicicleta faz bem à saúde e não polui o meio ambiente. O problema com o programa de ciclovias da Prefeitura de São Paulo é a falta de transparência em relação aos custos de implantação das pistas para bicicleta.

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Não se sabe ao certo, e o prefeito foge toda vez que é questionado sobre os preços das ciclovias, mas só a pista da Avenida Paulista, com 4 quilômetros de extensão, deverá custar R$ 12 milhões – ou R$ 3 milhões por quilômetro. É muito dinheiro.
Somos a favor das ciclovias, mas as de São Paulo talvez sejam as mais caras do mundo. Com isso não podemos concordar. Outra ciclovia cujos custos são suspeitos é a da Rua Amaral Gurgel/Avenida São João, no centro da cidade, com 4,8 quilômetros. Está orçada, a princípio, em R$ 7,6 milhões. Se o número se confirmar, vai custar R$ 1,58 milhão por quilômetro. Queremos que o Ministério Público investigue as obras da Prefeitura. Solicitei uma apuração rigorosa no programa de ciclovias. O TCM (Tribunal de Contas do Município) se adiantou e apontou irregularidades.
O objetivo dessa investigação é a ciclovia que vai ligar o Parque Villa-Lobos ao Parque Ibirapuera, nas zonas oeste e sul de São Paulo, com 10 quilômetros de extensão. Deverá custar R$ 54,8 milhões, ou R$ 5,4 milhões por quilômetro.
O TCM interditou parte das obras, porque a Prefeitura decidiu destruir a pista que existia antes, construída pelo prefeito anterior, e que estava em boas condições de uso. Só no trecho paralisado, a Prefeitura pagou R$ 5,6 milhões à empreiteira responsável pelas obras, mas o TCM informou que só R$ 600 mil teriam sido efetivamente aplicados. Houve, portanto, um prejuízo de R$ 5 milhões. A Prefeitura não explica. Suspeitamos de superfaturamento e corrupção.
O pior é que, ao abandonar as obras, tudo ficou pelo meio do caminho. Parte da pista relativamente nova foi esburacada pela Prefeitura. Além disso, após dois anos e meio de administração, o prefeito ainda não sinalizou o trecho, o que traz perigo constante aos ciclistas em quase 20 travessias. Na sanha de ampliar o piso vermelho que marca as ciclovias suspeitas do atual governo municipal, a Prefeitura voltou a destruir um trecho de ciclovia em boas condições de uso na semana passada, na Avenida Pedroso de Moraes, em Pinheiros.
Denunciamos mais essa irregularidade, o que levou a administração a suspender as obras e tirar os tapumes que já cercavam o trecho que seria renovado, sem necessidade. Com a palavra, com a máxima urgência, o Ministério Público e o TCM.

Vereador Gilberto Natalini (PV)- Médico e Ambientalista

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