PÁTRIA SUBLIMADA

Sublimação é um mecanismo psíquico que os humanos usam e que foi descrito por Sigmund Freud. Quando o sofrimento é muito grande e a pessoa não está conseguindo suportá-lo, ela nega esse sofrer, empurra-o para o subconsciente e busca substituí-lo por fatos e emoções falsas e irreais. É isso que está acontecendo no país, nesse momento, nessa eleição.

O Brasil é um país subjugado por um dos mais cruéis sistemas econômicos financeiros do mundo, onde quase a metade do orçamento anual vai para pagar os juros e serviços de uma dívida pública gigantesca e impagável.

Desde sua fundação, o Brasil é um país extremamente desigual, que já teve uma escravidão mal resolvida, e um modelo de desenvolvimento excludente e concentrador de renda.

Hoje, os 5 mais ricos daqui possuem a riqueza de 100 milhões de pessoas. E isso vem piorando a cada ano.

O Brasil tem hoje 33 milhões de pessoas passando fome, 50 milhões de pessoas com trabalho informal, 10 milhões de desempregados e 70 milhões de pessoas endividadas no crediário.

Tivemos 700 mil mortos pela COVID-19 e vemos voltar doenças já erradicadas, como sarampo, a febre amarela urbana e a ameaça da poliomielite, por descaso com a vacinação.

A carestia de vida, de um tempo pra cá, retornou forte, fazendo a população mais pobre comprar osso para comer.

Esse é o quadro social real do nosso Brasil!

Agora, nessas eleições o que temos visto?

Os principais candidatos e suas campanhas transformando o debate eleitoral num festival de ofensas e fetiches, sem nenhuma proposta concreta para o que descrevemos acima.

A pauta de costumes tomou conta do debate, como se não tivéssemos tragédias mais profundas para resolver.

A degradação ambiental, a violência e o crime organizado, os valores democráticos mais preciosos saíram da pauta dando lugar ao fundamentalismo religioso, ao embate sobre a sexualidade, ao porte de armas, ao apego às ditaduras de direita e de esquerda, ou de quem é a medalha da corrupção, com o mensalão, “petrolão”, “rachadão”, “secretão”, o “asfaltão”, entre outras barbaridades morais.

Pelo andar da carruagem, o Congresso eleito será pior que o atual. E a nossa sofrida democracia poderá caminhar para a consolidação de um estado de barbárie.

Nossa 1ª tarefa é defender a democracia e a constituição e exigir medidas econômicas que retirem nosso povo da pobreza e da esmola.

A pauta ambiental e a moralidade pública fazem parte desse cardápio.

Que venha o 30 de outubro e que o povo brasileiro se decida para deter a barbárie.

Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

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