Gilberto Natalini SP

Manifesto à COP30: Por Justiça Climática e Cuidado com a População Idosa

As mudanças climáticas, antes uma previsão distante, são hoje uma realidade urgente que impacta de forma cruel os mais vulneráveis, especialmente as pessoas idosas. No Brasil, onde mais de 32 milhões de cidadãos têm 60 anos ou mais, é imperativo reconhecer que o clima extremo está colocando vidas em risco e exige respostas imediatas. Impactos das Mudanças Climáticas na Saúde e na Vida das Pessoas Idosas: Nosso Chamado à Ação: É inadmissível que as políticas públicas ainda negligenciem a relação entre a crise climática e a saúde da pessoa idosa. Demandamos: Este manifesto é um chamado à ação para gestores públicos, setor privado, sociedade civil e comunidade internacional: proteger as pessoas idosas é proteger o futuro de todos. A crise climática já começou. A omissão, neste momento, custa vidas.  Comitê Congresso Municipal Envelhecimento Ativo Cidade de SP Eliseu Gabriel – Presidente do Congresso – Câmara Municipal de São Paulo Gilberto Natalini – Idealizador e Presidente de Honra do Congresso – Associação Popular de Saúde Luciana Feldman – Secretária Executiva do Congresso – GAIAlzheimer – Grupo de Apoio Interdisciplinar em Alzheimer e outras Demências. Lina Menezes – Secretária Executiva do Congresso – Faz Muito Bem Saúde e Longevidade – Tudo Sobre Alzheimer Yeda Duarte – Secretária Executiva do Congresso – O Que Rola Na Geronto … Alexandre Kalache – Presidente do ILC-Brasil Agda Pires de Moraes Carboni – Equipe ATIV Idade Longevidade Ativa / Grupo RAMMA (Estimulação Cognitiva/Adultos 60+) Antonio M. Afonso – Presidente do Instituto Nacional Ouvidoria do Idoso Antonio Narvaes Leiva – New Care Residencial para Idosos  Ary Filler – Coordenador no coletivo “Trabalho60mais”  Beltrina Côrte – CEO do Portal do Envelhecimento e Longeviver, e pesquisadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (Nepe), da PUC-SP Bibiana Graeff – Professora do Curso de Bacharelado e do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia, EACH/USP, e do Programa de Pós-Graduação em Direito, Faculdade de Direito Largo São Francisco/USP.  Carmen Silvia Calandria Ponce – GAIAlzheimer – Grupo de Apoio Interdisciplinar em Alzheimer e outras Demências. Claudia Vallone Silva – Apoio/Capacitação de Cuidadores de Idosos. Dineia Mendes de Araujo Cardoso – Assessoria Técnica do Núcleo de Lazer da Pessoa Idosa- Secretaria Municipal de Esportes e Lazer- SEME  Eliane Kreisler – Longetalks  Eneida Rosi – Líder do Comitê 60+ do Grupo Mulheres do Brasil Fabiana Satiro – Diretora da 50mais Ativo Filipe Maciel Paes Barreto – Mestrando do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Inês Rioto – Conselho Estadual do Idoso SP/  ILC-Brasil José Carlos Ferrigno – Diretor da Associação dos Aposentados e Funcionários do Sesc SP José Maria Montiel – Universidade São Judas (USJT) – Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências do Envelhecimento – PPG-CE / USJT Kathya Beja Romero – Mestranda em Gerontologia (EACH/ USP)  Lidia Nadir Giorge – Diretora da ACIRMESP Lígia Py – ILC-Brasil Lucia Helena de Palma – Portal Casas de Repouso Luis Baron – Associação EternamenteSou Luiz C. Moraes – Supera Instituto Educação  Luiz R Ramos – Centro de Estudos do Envelhecimento da Escola Paulista de Medicina / UNIFESP Marcia Regina Tobias de Andrade – ATIV Idade Longevidade Ativa e Grupo Maria Aparecida Cruz de Souza – Rede Social Zona Norte – SP Marcia Regina Tobias de Andrade – Equipe ATIV Idade Longevidade Ativa / Grupo RAMMA (Estimulação Cognitiva/Adultos 60+) Marina Brandão Whitaker – Equipe ATIV Idade Longevidade Ativa / Grupo RAMMA (Estimulação Cognitiva/Adultos 60+) Marilia Viana Berzins – Presidente do OLHE (Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento). Doutora em Saúde Pública. Mestre e especialista em Gerontologia Marly Augusta Feitosa da Silva – Coordenadora do Fórum da Cidadania da Pessoa Idosa de Vila Mariana Norma Rangel – Fundadora e Coord. Fórum Amigo da Pessoa Idosa Vila Mariana Rachel Vainzoff Katz- Gerente da Área Social da Unibes Raquel Budow –  Grupo RAMMA (Estimulação Cognitiva/Adultos 60+) Ricardo Leme Pacheco – Walking Football Brasil Ricardo Pessoa – Casa Séfora Samir Salman – Instituto Premier Sandra Ferrero – Coordenadora Trabalho60+ Sueli Schreier – Coordenadora da Área do Envelhecimento da Federação Israelita do Estado de São Paulo Suzana de Rosa – Assessora da Coordenação de Políticas da Pessoa Idosa- SMDHC Thiago Costa Florentino – Geros Ciência Valéria S I Takahashi – Assistente Tecn em Gerontologia no CONVITA (Patronato Assistencial Imigrantes Italianos) e Associação Eternamente Sou Vera Caovilla – Diretora de Projetos da 50mais Ativo … Importante: Participe! Para se somar ao movimento e também assinar este Manifesto basta enviar Nome completo e Entidade para o email: manifestoidososcop@gmail.com

O GOLPE QUE MICOU

Muito está se falando sobre o golpe do Bolsonaro no Brasil. Golpe que não deu certo, e foi tentado pelo governo que cessou em dezembro/22. Bolsonaro é o reflexo da ditadura militar e do ambiente de violência do Rio de Janeiro. Ganhou a eleição em 2018, como uma escolha errônea e destemperada de parte dos brasileiros, diante da roubalheira praticada no mensalão e no “petrolão” durante os governos petistas. Em 2003, Lula/PT chegou ao poder no Brasil. Durante seus 3 governos foram se afundando em práticas e escândalos de corrupção, sendo os principais o mensalão e o mega esquema de ilícitos chamado de petrolão. O governo Bolsonaro 2018/2022, foi um desastre civilizatório, que fez o Brasil flertar com a barbárie na política e na vida do povo. Lula, que foi condenado e preso, voltou à cena, tendo sido “descondenado”, como alternativa de poder ao bolsonarismo. Com isso, criou-se uma polarização nefasta e tóxica entre o lulopetismo e o bolsonarismo, que persiste no país até hoje, embora venha perdendo força gradativamente. Em 2022, quando a polarização tornou-se dominante, o Brasil caminhava para a vitória de Lula. Então, Bolsonaro partiu para o tudo ou nada para não entregar o poder. Usou todos os meios de redes sociais, de articulações políticas, de ataques às urnas eletrônicas, e por fim, passou a articular um movimento golpista para não reconhecer o resultado das eleições. Seu plano era afirmar que as urnas foram fraudadas e por isso ele decretaria um estado de sítio, de exceção, de autoritarismo, e permaneceria no poder. Buscou apoio nas forças armadas para respaldar seu golpe. Mas os chefes militares, instados por forças internas e externas, negaram-lhe o apoio, e ele ficou só, com seu grupo, vendo seu plano de golpe “micar”. Lula tomou posse e Bolsonaro está respondendo por conspiração contra a democracia. Na verdade, o resultado dessa polarização bolsopetista tem feito o Brasil padecer, na perda de ética, de qualidade de vida, de esperança no país. É urgente construirmos o caminho para sair desse dualismo e partir para o bom senso do centro democrático despolarizado. Para isso trabalhamos. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

BRASIL: Não ao PL da Devastação!!!

Muito se tem dito que o desmatamento tem diminuído no Brasil. Isso é uma verdade. A derrubada de floresta teve uma queda de 40% nos últimos anos. Mas isso não permite, de forma nenhuma, que estejamos satisfeitos. O Brasil é a maior reserva florestal do mundo, embora tenha perdido grande parte de sua cobertura vegetal no decorrer do tempo, em todos os seus 6 biomas. Da Mata Atlântica, que já foi exuberante, restam míseros 14,5%, e continua ameaçada pelo desmatamento. Nosso cerrado já perdeu 50% de sua área verde, e avança a destruição de sua mata característica. O Pantanal, o maior bioma úmido do planeta, sofreu uma devastação demolidora nas últimas queimadas, grande parte delas provocadas pela mão humana, e potencializada pela estiagem cruel das mudanças climáticas. No Pampa e na Caatinga avança o processo de desertificação, promovido pela mão humana e pelos fenômenos climáticos. A Amazônia, nossa grande floresta, a maior do planeta, já perdeu 25% de sua cobertura verde, com a “construção do progresso do Brasil”. E embora tenha queda no desmatamento, nos últimos 2 anos, a floresta continua sendo derrubada todos os dias, em ritmo agressivo, seja pelo “desenvolvimento” da atividade agropecuária, muitas vezes ilegal, seja pela exploração de venda da madeira, do garimpo e da especulação da terra. É preciso dizer que a “atividade econômica” do desmatamento na Amazônia é conduzida pelas quadrilhas de tráfico de drogas, do crime organizado, de grupos políticos e econômicos corruptos e predatórios que avançam mata adentro, desmatando terras públicas e reservas indígenas. Agora, esse crime contra a humanidade pode ser escrito na letra da lei. Foi aprovado pelo Senado e já está para aprovação na Câmara Federal o PL 2159/21, que flexibiliza drasticamente a licença ambiental e abre a porteira para a “boiada passar”. A “bancada do boi e do agro”, aliadas a outras bancadas da predação querem apoiar essa barbárie, em tempos de aquecimento global e degradação ambiental. O governo federal está dividido. De um lado, a Ministra Marina Silva, que é contra e do outro, Ministros do PT e outros partidos que são simpáticos ao “PL da devastação”. A nós, ambientalistas, empresários conscientes do desenvolvimento sustentável, cientistas e acadêmicos, religiosos comprometidos com nossa casa comum, organizações da sociedade civil, intelectuais e jornalistas, pessoas do povo que são vítimas dos fenômenos climáticos extremos, parlamentares e gestores com senso de responsabilidade, resta conversar com o povo brasileiro, para fazer uma enorme pressão sobre o Parlamento e o Governo brasileiro e enterrar o PL2159/21, e partir para construir um Brasil de progresso, sim, mas com desenvolvimento econômico sustentável, consonante com a preservação ambiental. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Hoje é Dia do Meio Ambiente

Hoje é o Dia do Meio Ambiente. Cuidemos dele !!! Cuidemos da Vida e do Planeta, tão maltratado pelas mãos humanas. Proteger a Natureza é defender a própria Vida !!!

ENSINO MÉDICO: perigo de vida!!!

O Brasil possui hoje cerca de 500 mil médicos. A maioria deles concentrada nas grandes cidades, onde existem mais oportunidades de trabalho e maior oferta de serviços e conhecimentos. O interior do Brasil geralmente carece muito de atendimento médico por ausência de profissionais. Em 1975 o país tinha 73 Faculdades de Medicina, a maioria delas públicas como a FMUSP ou a Escola Paulista de Medicina, e poucas privadas, como a Santa Casa de São Paulo, porém de excelente qualidade no ensino. Hoje o Brasil possui cerca de 400 Escolas de Medicina, espalhadas por todo território nacional. Elas formam em torno de 40 mil médicos por ano. O grande problema identificado é a baixíssima qualidade do ensino médico em grande parte dessas faculdades. Muitas dessas faculdades não têm hospital escola, e há grande deficiência de professores de medicina, As mensalidades são pesadas, chegando a 10 e 15 mil reais por mês. Formam-se médicos sem qualificação adequada para atender os pacientes, deixando a população exposta à incompetência e imprudência no ato médico. Cada dia mais, temos contato com casos escabrosos de erros de diagnóstico e de conduta, praticados por esses “médicos” novos malformados em escolas médicas sem condições de formar bons profissionais, que também são vítimas desse processo. A causa desse descalabro na Medicina é a brutal comercialização e mercantilização do ensino e da prática médica. Alguns grandes grupos internacionais de ensino, como por exemplo, a CROTON, se apropriou do ensino superior do Brasil, comprando Universidades e Faculdades e abrindo inúmeras delas, entre essas, Escolas de Medicina. Esses “cursos” são muitas vezes financiados com verba pública, pelo FIES, e esse dinheiro todo vai parar nos bolsos desses “grupos educacionais”. O resultado disso é uma péssima qualidade do ensino superior brasileiro, entre eles a medicina, sendo que nesse caso são vidas humanas que estão no centro dessa barbárie educacional. Diante dessa “catástrofe”, as entidades médicas defendem há tempos o Exame de Proficiência Médica, que avaliaria os formandos de medicina antes de lhes outorgar o diploma profissional, que o autoriza a atender pacientes. Nunca se conseguiu aprovar isso em lei. Há um projeto no Senado (que foi barrado nas comissões) e sete projetos na Câmara Federal, propondo esse exame. Alguns há décadas, mas não prosperam. Os lobbys são intensos e não deixam aprovar. Agora, depois de toda essa situação calamitosa no ensino e no atendimento médico, que perpassou vários governos, após muita pressão das Entidades Médicas, o governo decidiu criar o ENAMED, que é uma prova para avaliar a qualidade do ensino das “Escolas Médicas” com a finalidade de tomar providências diante do descalabro do nível desse “ensino”. Mas, tendo em vista a poderosa pressão dos “grupos educacionais” que comercializam o ensino na maioria das Faculdades de Medicina no Brasil, só mesmo uma mobilização das entidades sérias de saúde e da população, poderão obrigar o Governo e o Congresso brasileiro a agir com firmeza para moralizar a formação médica no Brasil. Em nome da saúde e da vida! Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Manifestação contrária à aprovação do Projeto de lei nº 2159/2021

                                                                                                           São Paulo, 22 de maio de 2025. A AFPESP vem a público manifestar a sua preocupação e discordância em relação à aprovação do Projeto de Lei nº 2159/2021, o então chamado “PL da Devastação”. O texto aprovado no Senado Federal propõe alterações significativas nas regras do licenciamento ambiental no Brasil, enfraquecendo sobremaneira procedimentos que são essenciais para a análise e controle de impactos socioambientais. Entendemos que o desenvolvimento econômico deve caminhar lado a lado com a conservação ambiental, e que o licenciamento ambiental é um instrumento técnico, legítimo e necessário para garantir que obras e empreendimentos sejam planejados de forma responsável e sustentável. Neste sentido, apelamos aos Srs. parlamentares e demais autoridades competentes que reconsiderem o avanço do referido projeto, abrindo espaço para um debate mais aprofundado e transparente com a sociedade, a academia, os órgãos técnicos e o setor produtivo comprometido com a sustentabilidade, buscando assim, o melhor caminho para o desenvolvimento sustentável do Brasil. ARTUR MARQUES DA SILVA FILHO Presidente AFPESP GILBERTO TANOS NATALINI Coordenador de Meio Ambiente AFPESP

FILHOS DE PLÁSTICO!

Tenho dito que a humanidade está sofrendo o maior stress de sua história. Venho repetindo isso com convicção, pelo conjunto de sinais e sintomas que observamos no comportamento das pessoas: a violência que explode, as narrativas mentirosas, as fakenews, o aumento grande do número de depressivos e de suicídios, o individualismo crescente, a ganância sem limites, a espiritualidade mercenária, o consumo exagerado e perdulário e as guerras genocidas. Esses são alguns dos sintomas que já existem entre nós, mas que cresceram exponencialmente nos últimos tempos. Não vou tratar deles aqui com detalhes, pois precisaria falar das trapalhadas políticas, da crescente e vergonhosa desigualdade social, da degradação irresponsável do meio ambiente e da crise moral e ética que atravessa o Planeta e em particular o Brasil, com uma pandemia de criminalidade e corrupção. Mas, quero falar especificamente de um comportamento que aflorou agora, e que seria cômico, se não fosse patético. Claro que conhecemos a prática milenar do convívio entre os humanos e os animais. Mas esses são seres vivos, que retribuem afeto e serviços, e são companhia de vida de muita gente. Embora, também nesse caso haja cada vez mais exageros, onde os animais de estimação tomam o lugar da família distante ou ausente, e vemos uma pessoa ter mais amor por um pet do que por um filho. Isso existe. Mas o fenômeno do momento, me parece assustador. Filhos, pais, irmãos, parentes, amigos, vem sendo substituídos pelos chamados bebês reborn, os humanoides de silicone/plástico e inertes, frios e sem sentimentos que são adotados por homens e mulheres em todos os cantos. Nós sabemos que a convivência lúdica com bonecas, são praticadas há muito tempo por crianças e adultos. Há pessoas que têm coleções de bonecas como hobby, assim como meninos e homens têm a mesma prática lúdica com carrinhos e super-heróis. Porém, o que está acontecendo agora é muito diferente. Impulsionados por uma carência existencial, por desarranjos familiares e pela rede social, muitas pessoas transferiram seu afeto para humanoides de silicone ou borracha, e os tratam como entes queridíssimos, a ponto de querer levá-los aos serviços de saúde, ou exibi-los como seres vivos queridos. É claro que (sempre) existem os aproveitadores, que valendo-se da estranha onda, se jogam nas redes sociais e até em disputas judiciais em torno dos “filhos de silicone/plástico”, Um realismo fantástico e amalucado. Quando uma criança brincava com uma boneca ou um boneco, estava substituindo um filho ou um amigo/herói nas suas fantasias infantis. Mas quando um adulto compra um bebe reborn, leva pra casa, dedica-lhe afeto e bens materiais e agora exige que os serviços de saúde os atendam quando “ficam doentes”, estamos tratando de um novo capítulo da psiquiatria social, que ainda está estupefata com o fenômeno. Já não me espanto com mais nada olhando a humanidade e suas peripécias boas ou terríveis. Só sei que o stress humano é enorme e criativo. Seja para o bem ou para o mal. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Saúde e sustentabilidade: a interdependência entre meio ambiente e bem-estar coletivo

Historicamente, a humanidade tem se posicionado como uma entidade separada e dominante sobre a natureza, explorando seus recursos de forma intensiva. No entanto, essa perspectiva tem levado a desequilíbrios ecológicos significativos, o que nos obriga a reconhecer que somos parte integrante do meio ambiente e que a nossa saúde e bem-estar estão intrinsecamente relacionados à manutenção dos ecossistemas. As mudanças antrópicas têm intensificado a ocorrência de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, enchentes e secas, que impactam diretamente a saúde da população. Estudos indicam que 58% das doenças infecciosas conhecidas são agravadas por eventos climáticos extremos, devido ao aumento da proliferação de vetores e à contaminação de recursos hídricos. No Brasil, entre 2020 e 2023, o número de pessoas adoecidas devido a desastres naturais e eventos extremos aumentou de 54 mil para 157 mil, evidenciando a crescente vulnerabilidade da população. Adicionalmente, em 2022, a OMS estimou que mais de 13 milhões de mortes em todo o mundo a cada ano são resultado de causas ambientais evitáveis. Essa constatação permite concluir que um meio ambiente enfermo é muito prejudicial à saúde do ser humano, razão pela qual, é necessário maximizar os esforços, a fim de preservá-lo e mantê-lo em boas condições. Pelo constatado, podemos observar como a diligência ou a negligência com o meio ambiente podem afetar diretamente a saúde humana. Diversas doenças e comorbidades que os profissionais da área da saúde referem podem estar relacionadas à degradação ambiental, tais como: doenças respiratórias, infecciosas e gastrointestinais. Diante dessa constatação, como devemos enfrentar e integrar saúde e meio ambiente? Neste sentido, o funcionalismo público desempenha um papel fundamental na implementação e execução de políticas que integram saúde e sustentabilidade. Profissionais de diversas áreas, como saúde, meio ambiente e defesa civil, são essenciais na elaboração de estratégias de prevenção, na resposta a emergências e na educação da população sobre práticas sustentáveis. Um exemplo disto, é o Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/1990, sendo um marco na promoção da saúde pública no Brasil. Essa legislação reconhece que a saúde é influenciada por diversos fatores determinantes e condicionantes, que incluem: alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, atividade física, transporte, lazer e acesso aos serviços essenciais. Essa abordagem ressalta a importância de políticas públicas intersetoriais que integram saúde e sustentabilidade. Já o programa “São Paulo Sempre Alerta”, uma iniciativa em nível estadual, visa articular ações intersetoriais para fortalecer a infraestrutura preventiva e a segurança da população. A Secretaria de Estado da Saúde capacita equipes para lidar com os efeitos desses eventos, prevenindo surtos de doenças e garantindo o abastecimento de insumos essenciais. Investir em infraestrutura sustentável – como o saneamento básico – também é uma estratégia eficaz para a promoção da saúde pública. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 20144), para cada dólar investido em saneamento básico, economiza-se US$ 4,30 em custos com saúde. A relação entre saúde e meio ambiente exige uma abordagem integrada e sustentável nas políticas públicas. O fortalecimento do SUS, aliado a investimentos em infraestrutura sustentável e à atuação proativa do funcionalismo público, é vital para mitigar os impactos dos eventos climáticos extremos na saúde humana. A adoção de práticas sustentáveis e a promoção da equidade social são caminhos essenciais para garantir a resiliência das comunidades frente às mudanças climáticas e para assegurar a saúde e o bem-estar das futuras gerações. Portanto, cabe a nós decidir racionalmente o que é melhor. Enfrentar as nefastas consequências de nossas escolhas equivocadas até este momento, inclusive para as gerações futuras, ou assumir a responsabilidade que nos cabe para garantir um meio ambiente saudável e, por conseguinte, mitigar os riscos para a saúde humana? Por Gilberto Natalini e Ulysses Francisco Buono

Convite para Reunião: MÉDICOS PELO CLIMA!

Estamos convidando colegas médicos e médicas para participarem de uma reunião no dia 03 de junho próximo, onde conversaremos sobre a ciência médica, a prática da medicina, as instituições de saúde e de pesquisa e as ações sobre impactos das Mudanças Climáticas na vida humana. Já sabemos que vários agravos da saúde ocorrem por ação direta dos fenômenos climáticos extremos sobre as pessoas. O calor extremo tem adoecido e matado seres humanos. As enchentes das chuvas violentas também causam doenças, como por exemplo a leptospirose, e provocam mortes. As estiagens prolongadas e as secas severas, causam o stress hídrico, pela baixa humidade do ar e a quebra no fornecimento de água para consumo humano e a agricultura. A queda da umidade do ar somada à poluição, causa o aumento das doenças respiratórias, que abarrotam os prontos socorros em determinadas épocas. Além disso, a multiplicação e intensidade das viroses, como a dengue, a febre amarela, as gripes e outras, têm relação direta com os efeitos do aquecimento global. E ainda as amplas queimadas que destroem biomas e despejam uma enormidade de fumaça/fuligem no ar, também afetam o ambiente que vivemos. Constatados esses fatos, um número cada vez maior de médicos tem se preocupado e se dedicado a esses assuntos que dizem respeito à prática da medicina. Assim, nossa reunião é uma necessidade imperiosa para alinharmos ideias e organizarmos ações que impactem na saúde das pessoas. Estamos convidando colegas preocupados com o tema. Repetindo: nossa reunião presencial dos Médicos pelo Clima será no dia 03/06/2025, primeira terça-feira de junho, às 19.30h, no 12º andar da Associação Paulista de Medicina, na Av. Brigadeiro Luís Antonio, 278, Bela Vista – SP. Nós médicos e médicas, nunca nos negamos a participar das boas causas. Essa é mais uma! Contamos com a presença dos colegas. Saudações, Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista