Gilberto Natalini SP

PARQUE QUE TE QUERO PARQUE

Os parques urbanos são tudo de bom. Em cidades, onde a ocupação do solo é centímetro por centímetro, principalmente nas grandes metrópoles, preservar espaços livres com cobertura verde, áreas permeáveis, fauna, nascentes, lagos e outras paisagens naturais, como os parques públicos, é uma reserva de natureza e de vida, que tem um papel fundamental na construção de comunidade saudável e sustentável. Em 2004, São Paulo tinha 34 parques municipais. Pelo tamanho da cidade era um número modesto e insuficiente. A partir de 2005, Eduardo Jorge esteve como Secretário do Verde e Meio Ambiente, permanecendo lá por 8 anos nas gestões dos prefeitos Serra e Kassab. Nessa ocasião foi estabelecida a meta de entregar a cidade em 2012 com 100 parques. E assim foi feito. Eu estava no mandato na Câmara Municipal e participei ativamente desse processo, defendendo verbas no orçamento, levando reivindicações de vários grupos das comunidades dos bairros, e propondo, por meio de projetos de lei autorizativos, a criação de novos parques. Assim surgiram, em 8 anos, mais 66 novos parques entre 2005 e 2012, muitos deles em locais mais periféricos e carentes de áreas verdes. Também nesse período foram plantadas 1,6 milhões de árvores nativas, cerca de 200 mil por ano. Foi uma época profícua na área ambiental, complementada por projetos importantes como o córrego limpo, a defesa das águas, a ecofrota, a inspeção veicular, e muitos outros. Em 2013, assumiu outro prefeito, e muitos desses projetos ambientais foram interrompidos pela gestão municipal. De 2013 a 2016 foram criados apenas 3 parques, que já vinham encaminhados pela gestão anterior. A ecofrota foi interrompida, assim como a inspeção veicular. O programa córrego limpo e a defesa das águas quase desapareceram. Em 2017, assumi a Secretaria do Verde na gestão do João Dória. Fiquei lá por 7 meses, e nesse período conseguimos plantar 60 mil árvores, retomamos a operação defesa das águas, criamos 3 parques em 6 meses, bem como atuamos para moralizar o licenciamento ambiental. Sai da gestão por grande divergência com o prefeito. Hoje São Paulo tem 120 parques, e até 2028 deverá chegar a 130 parques. O atual Prefeito Ricardo Nunes acaba de decretar a desapropriação do antigo Clube Banespa, para transformá-lo em parque, uma antiga reivindicação nossa na Zona Sul. Uma medida elogiável. Por outro lado, o Prefeito também decidiu desapropriar 32  áreas de mata nativa, num total de 150 milhões de m², para transformá-las em parques municipais. Isso também é um fato excepcional. Em meu dossiê da Devastação da Mata Atlântica nos Mananciais, denunciamos a derrubada de 1,6 milhão de árvores pelo crime organizado e indicamos a necessidade da prefeitura assumir essas áreas de matas para preservá-los o que agora vem sendo feito pelo Ricardo Nunes. São Paulo tem um grande passivo ambiental nos seus 471 anos de existência. Mas há um esforço público e privado para recuperar e proteger o meio ambiente nos últimos tempos. O que tem vindo na contramão desse esforço é o resultado do Plano Diretor, que foi muito permissivo com a verticalização exagerada dos bairros de São Paulo. Todo esforço deve ser feito para regular essa verticalização dentro de parâmetros que respeitem os limites razoáveis de urbanismo e sustentabilidade. Essa é a luta do momento. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

Panorama Sustentável AFPESP

No Panorama Sustentável, você acompanha a evolução da gestão ambiental implementada pela AFPESP em suas unidades. Além de manter campanhas contínuas de conscientização e garantir o cumprimento rigoroso da legislação ambiental vigente, a associação amplia suas ações estratégicas rumo à agenda climática global. Nossos próximos passos incluem a participação na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025 — um marco no compromisso da AFPESP com a sustentabilidade e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Leia o panorama no link abaixo. https://www.afpesp.org.br/sede-social/meio-ambiente/panorama-sustentavel

O PCC NA FARIA LIMA

Lembro bem quando me formei e fomos atender o povo da periferia em nosso voluntariado médico, em meados da década de 70, andávamos nas ruas, nos bairros, nas favelas e o máximo de crime que víamos era um furto, uma briga de boteco ou de família. A violência era mínima. Hoje na periferia de São Paulo, um “salve” do PCC, fecha o comércio, esvazia as ruas, assusta todo o povo. O crime organizado reina entre nós! O PCC nasceu na década de 80 dentro dos presídios. Saiu dali, ganhou as ruas, os bairros, as cidades, o país. Dizem que é a oitava máfia do mundo e está em quase trinta países. Seu ramo de negócios original foi o tráfico de drogas, que cresceu, expandiu-se, agigantou-se, e diversificou-se em dezenas de atividades econômicas lícitas e ilícitas. Hoje movimentam muitos bilhões de reais. Começaram como um pequeno grupo, e se expandiram para uma grande rede de “células” de membros pelo Brasil afora. Também vimos multiplicarem-se organizações congêneres, adversárias ou não, que inflaram a presença do crime organizado no Brasil. São centenas de siglas, divisões e subdivisões, que compõem o tecido tumoral do crime na sociedade brasileira. Usaram duas táticas das organizações políticas: “ as células de militantes” e o “entrismo”. Dessa forma adentraram em todas as instituições públicas e privadas do Brasil. Estão nos três níveis de governo, federal, estadual e municipal, nos três níveis dos parlamentos e no judiciário. Também lançaram suas metástases na sociedade civil, infiltrando-se nos sindicatos, nos partidos políticos, nas associações de bairros, nos clubes esportivos, nas instituições religiosas, nos órgãos de imprensa e nas universidades. Esse é um fato comprovado. Mas não pararam por aí! Na diversificação dos seus “negócios”, o crime organizado expandiu-se do tráfico de drogas e armas para o mundo do setor produtivo. Investiram em redes de farmácia, postos de gasolina, padarias, madeireiras, garimpo, fábricas, empresas de serviço e agropecuária. O ramo imobiliário não foi poupado. Assim, na década passada, o PCC foi comprando ou tomando áreas de mata nativa nas margens das represas Billings e Guarapiranga, as caixas d’água da cidade de São Paulo, assorearam milhares de nascentes, derrubaram 1,6 milhão de árvores, produziram cerca de cinquenta mil lotes e começaram a construir “condomínios” nos locais. Isso lhes renderia dois bilhões de reais. Nessa ocasião eu produzi o “O Dossiê da Devastação da Mata Atlântica em São Paulo”, denunciando o crime e cobrando das autoridades constituídas as medidas para barrar essa barbárie. Sofri 14 ameaças de morte, mas conseguimos diminuir muito a devastação. Por fim, agora foi noticiado a presença do PCC na Faria Lima, com negócios bilionários no mercado financeiro. A movimentação do dinheiro do crime organizado chega a 140 bilhões. Há dias, saiu uma pesquisa dizendo que 27% do nosso povo vive sob comando direto das quadrilhas nas comunidades mais pobres. Mas, por tudo que sabemos e vivemos, a realidade mostra que o crime organizado é muito mais poderoso do que se divulga. Nosso país vai sendo sequestrado pela força financeira e armada da criminalidade. Portanto, além da vergonhosa desigualdade social que temos, além da predação ambiental e climática existente, convivemos também com uma pandemia de corrupção e com a mão de ferro das quadrilhas do crime organizado. Somos um país rico em recursos naturais, que tem um povo sensível e trabalhador, uma intelectualidade e uma criação artística respeitadas no mundo inteiro, uma economia forte e uma democracia que busca se consolidar. Há que se construir um mutirão nacional que separe o joio do trigo, e combata a criminalidade e violência, devolvendo o Brasil para as mãos da legalidade, da moralidade e da ética. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

REDES SOCIAIS, PELO BEM OU PELO MAL!

Eu não conhecia o Felca. Talvez por uma falha minha. De repente, ele denuncia e destrói uma rede de perversão contra crianças e adolescentes, que agia debaixo do nariz da sociedade e do governo brasileiro, e criou um debate nacional. Um “influencer” que usava os menores de idade para ganhar dinheiro, gerando “likes” nas redes sociais com a exposição de crianças e adolescentes a adultização, abusos e exploração sexual. A perversão nas redes sociais da internet é enorme. Assim como os crimes financeiros, e todo tipo de golpes e espertezas. Parte da internet transformou-se em terra de ninguém, ou melhor, em terra de pessoas de caráter e conduta reprováveis. É como se, de repente, o lado ruim dos humanos achasse uma corrente de vento que o transportasse para todos os cantos da terra, e para dentro das mentes alheias. As tecnologias quando surgem sempre revelam a dualidade de nossa espécie, em sua eterna e canônica luta entre o bem e o mal. Por exemplo, foi assim com a pólvora, a aviação, a energia nuclear, os compostos químicos, e agora com o mundo digital. Mas, nunca vimos uma potencialização tão grande de uma inovação tecnológica, como a internet, com as redes sociais e a inteligência artificial. Parece que se soltaram todos os anjos e demônios existentes dentro das pessoas que viajam pelos computadores e celulares numa velocidade e intensidade assustadoras. A pedofilia é uma perversão sexual extremamente cruel, pois a vítima é indefesa e incapaz até de entender sua condição de vítima. A denúncia do Felca levantou a coberta de uma situação muito comum, que todos sabem que existe e que se repete todos os dias, potencializado pelas redes sociais. Ao lado disso, vemos crescer também o culto da ideologia do ódio, do preconceito, da homofobia, do racismo, da misoginia, levados também pelas “asas” das redes sociais. Portanto, assim como foi feito com a imprensa, o rádio, a televisão e outros meios de comunicação, também é preciso achar os meios de proteger a sociedade dos desatinos das fake news e da barbárie. Também cabem aos pais, às famílias e a todos nós, defender nossas crianças desses riscos, orientando-as, criando os meios de privá-los dos ataques nocivos dessa prática das redes sociais. É evidente que isso deve ser feito em conformidade com o direito de expressão e a liberdade de manifestação. Esse equilíbrio é complexo e difícil de se estipular, mas é extremamente necessário. E é claro, todos os casos de pedofilia e outros crimes e opressões devem ser prevenidos, investigados e punidos severamente. Gilberto Natalini- Médico e Ambientalista

CANGAIBA: 50 ANOS CUIDANDO DE GENTE

Nosso voluntariado médico no Cangaiba faz 50 anos de atendimento ininterrupto. Iniciou-se em 1975 e atende até hoje no ambulatório da Igreja Bom Jesus. Não é um trabalho religioso, é uma atuação humanista, que já tratou cerca de 150 mil pessoas, encaminhou milhares para atendimentos especializados e realizou quase 3 mil cirurgias no local. A partir das consultas e da farmácia realizamos um trabalho de educação popular, mobilização e organização das comunidades em favor de melhor qualidade de vida e saúde. Muitas melhorias foram conquistadas. No decorrer dessas 5 décadas realizamos inúmeras reuniões, palestras, cursos, assembleias e outras atividades coletivas. Produzimos milhares de folhetos, jornais, audiovisuais, filmes, matérias de imprensa, de redes sociais, como ferramentas de educação para a cidadania. Participamos de todas as lutas democráticas do povo brasileiro. Esse trabalho começou com um grupo de 14 médicos e estudantes da Escola Paulista de Medicina – EPM, e hoje lá estão Gilberto Natalini, Henrique Francé e Nacime Mansur, desde o início. Atualmente contamos também com Dra. Gênova, Dra. Jenny, e Dra. Maria do Céu. A farmacêutica Erika e os voluntários leigos Edemir “Coração”, Amaury, Neusa, Ulisses, Marli, estão ali, entre dezenas de outros que por lá passaram. É preciso citar o Padre Luís e muitos amigos da comunidade que nos ajudam. A Associação Popular de Saúde – APS fundada em 1979, é a entidade civil que além do ambulatório administra em convênio um Bom Prato e duas creches.  No caminho do cinquentenário haverá uma solenidade na Câmara Municipal/SP em 15/10/25 as 19 horas e uma missa solene em 13/12 /25 as 19 horas na Igreja do Cangaiba, presidida pelo cardeal D. Odilo Scherer. A sede da APS fica na Rua Domingos de Lucca, 108 e o Ambulatório na Rua Jacira Artacho, 47 (altura do 2.400 da Av. Cangaiba). Temos o livro “Médicos do Cangaiba – Viver é Gostar de Gente”, de Judith Patarra, que conta essa longeva e generosa atividade (online no natalini.com.br) Convidamos você a participar e divulgar a comemoração desse voluntariado médico que atua há meio século e que pretende continuar pelo tempo que for possível. “Viver é Gostar de Gente”. Gilberto Natalini Henrique Francé Nacime Mansur Contatos: (11) 2682.2017 Email: associação.aps@gmail.com Site: www.apsprojetossociais.com.br