URUGUAI: livre da polarização, exemplo de Democracia

Estive no Uruguai por duas vezes, já faz algum tempo. Visitei Montevideo, mas também andei pelo interior e litoral do país. O que vi me impressionou.

Um país pequeno, extremamente organizado com um povo evoluído, civilizado e gentil.

Não vi miséria nas ruas, nem pedintes, nem crianças abandonadas. As pessoas, mesmo pobres, se vestiam com dignidade e andavam de cabeça erguida.

Saímos para a rua, e a qualquer hora do dia ou da noite, a sensação de segurança era a mesma.

Não presenciei nem sombra de criminalidade.

Dizem alguns, que o Uruguai é evoluído porque é um país pequeno.

Aí, eu contraponho a Nicarágua, o Haiti, El Salvador e tantos outros em outras partes do mundo, que também pequenos, são violentos, desiguais e autoritários.

A questão não é o tamanho. É o caminho e o estágio civilizatório.

Tomemos o exemplo da política no Uruguai. Acabou de ter uma eleição, onde a oposição ganhou, numa disputa democrática acirrada.

Porém, não vimos um ruído sequer, de jogar fora as regras constitucionais.

Zero de agressão.

O Uruguai caminha nos trilhos próprios, ao inverso da tendência mundial, da polarização tóxica e nefasta que infesta os países hoje.

Lá existem duas tendências políticas principais, embora haja plena liberdade para os minoritários.

A direita e a esquerda se alinham como centro esquerda e centro direita, sem extremismos radicais.

Disputam o eleitorado e o poder em cima de programas políticos e propostas e se alternam nas eleições de modo democrático, como deve ser.

O Uruguai é um exemplo que precisa ser preservado e replicado.

Para nós brasileiros, que vivemos o infortúnio do bolsopetismo, que transformou o Brasil numa rinha de luta polarizada e radicalizada ao extremo, os uruguaios servem como uma bússola no combate à barbárie, ao fisiologismo, à demagogia e à corrupção.

É claro que lá, as forças políticas disputam cada voto e cada apoio com vigor. Mas nunca ultrapassou os limites da democracia.

No Uruguai ganhou a Frente Ampla, com Yamandú Orsi, discípulo de Mujica, um líder de esquerda que é um paradigma para todos.

Mujica comete um deslize entre tantos acertos. Acredita na inocência de Lula. Por ingenuidade?? Ou não!

Esse erro de avaliação de Mujica, tira a unanimidade sobre sua biografia.

Agora no poder, esperamos que a Frente Ampla de esquerda uruguaia, continue denunciando a ditadura de Maduro, e jamais se alie com o eixo autocrático do Mundo, como Putin, Ortega, Kim, Orbán, os Aiatolás, o Xeique Saudita, as ditaduras da África e outros, como faz o Brasil.

Fazemos votos que o Uruguai continue no rumo da liberdade, da sustentabilidade, da equidade social e da moralidade pública.

E ansiamos que um dia, após tanto sofrimento, possamos ser um pouco como eles.

 

Gilberto Natalini -Médico e Ambientalista

 

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